sexta-feira, maio 11, 2012

Deus Negro - Neimar Barros

Este é um poema de um homem confuso, dividido em sua percepção doentia de fé e sua falta dela.
No entanto seu poema é uma verdade que não pode nunca ser tida como mais uma de suas supostas loucuras.
Antes de postar o texto, cabe aqui minha reflexão. Assim como os católicos de então acreditaram na conversão deste artista e aproveitaram bem de sua Literatura, nós cristãos estamos acostumados a sermos enganados por artistas que desejando ser celebridades gospel (detesto esta palavra!), adentram nossas igrejas contando histórias de conversões milagrosas, expondo segredos de outros artistas e usando os altartes das nossas igrejas para firmarem mais seus nomes e, muitos voltam ao poço de onde vieram, levando para lá o riso, a comédia de termos crido em suas mudanças.
Sabe que nome se dá a esta atitude nossa de agregar aos nossos templos estes pseudos- cristãos? Falta de visão espiritual.Nossos olhos estão tapados e por isto mesmo estes seres se aboletam em nosso meio se fazendo de bons moços e brincnado com a nossa fé.
Sabe o que e entristece. É que alguns mais espirituais quando criticam esta banalizaqção da fé são vistos como seres anorais, atrasados e chegam a ser perseguidos por não acreditarem nestas conversões instântaneas.
Devemos abrir bem nossos olhos e prestarmos muita atenção porque satanás nem disfarça mais seus sapatos, ele vem de tamanco e nós estamos esperando ele vir de sapatinho de algodão.

Quanto ao poema, é super válido e por isto divido com vocês.
Abraços
Elisabeth lorena Alves
Deus Negro
Neimar Barros

Eu, detestando pretos,
Eu, sem coração!
Eu, perdido num coreto,
Gritando: "Separação"!

Eu, você, nós...nós todos,
cheios de preconceitos,
fugindo como se eles carregassem lodo,
lodo na cor...
E, com petulância, arrogância,
afastando a pele irmã.

Mas,
estou pensando agora,
e quando chegar minha hora ?
Meu Deus, se eu morresse amanhã, de manhã?
Numa viagem esquisita, entre nuvens feias e bonitas,
se eu chegasse lá e um porteiro manco,
como os aleijados que eu gozei, viesse abrir a porta,
e eu reparasse em sua vista torta, igual àquela que eu critiquei?
Se a sua mão tateasse pelo trinco,
como as mãos do cego que não ajudei ?
Se a porta rangesse, chorando os choros que provoquei ?
Se uma criança me tomasse pela mão,
criança como aquela que não embalei,
e me levasse por um corredor florido, colorido,
como as flores que eu jamais dei ?
Se eu sentisse o chão frio,
como o dos presídios que não visitei ?
Se eu visse as paredes caindo,
como as das creches e asilos que não ajudei ?
E se a criança tirasse corpos do caminho,
corpos que eu não levantei
dando desculpas de que eram bêbados, mas eram epiléticos,
que era vagabundagem, mas era fome?

Meu Deus !
Agora me assusta pronunciar seu nome .
E se mais para a frente a criança cobrisse o corpo nu,
da prostituta que eu usei,
ou do moribundo que não olhei,
ou da velha que não respeitei,
ou da mãe que não amei ?
Corpo de alguém exposto, jogado por minha causa,
porque não estendi a mão, porque no amor fiz pausa e dei,
sei lá, só dei desgosto?

E, no fim do corredor, o início da decepção .
Que raiva, que desespero,
se visse o mecânico, o operário, aquele vizinho,
o maldito funcionário, e até, até o padeiro,
todos sorrindo não sei de quê?
Ah! Sei sim, riem da minha decepção.

Deus não está vestido de ouro. Mas como?
Está num simples trono.
Simples como não fui, humilde como não sou.

Deus decepção .
Deus na cor que eu não queria,
Deus cara a cara, face a face,
sem aquela imponente classe.

Deus simples! Deus negro !
Deus negro?

E Eu...
Racista, egoísta. E agora ?
Na terra só persegui os pretos,
não aluguei casa, não apertei a mão.

Meu Deus você é negro, que desilusão!

Será que vai me dar uma morada?
Será que vai apertar minha mão? Que nada .

Meu Deus você é negro, que decepção!

Não dei emprego, virei o rosto. E agora?
Será que vai me dar um canto, vai me cobrir com seu manto?
Ou vai me virar o rosto no embalo da bofetada que dei?

Deus, eu não podia adivinhar.
Por que você se fez assim?
Por que se fez preto, preto como o engraxate,
aquele que expulsei da frente de casa?

Deus, pregaram você na cruz
e você me pregou uma peça.
Eu me esforcei à beça em tantas coisas,
e cheguei até a pensar em amor,

Mas nunca,
nunca pensei em adivinhar sua cor.
.

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