domingo, fevereiro 24, 2013

Luz que reluz [Vamuaí]



Luz que reluz...



Luz que reluz
E que jamais se apague.
Seus versos iluminados nos acompanhe sempre
Que seu brilho resplandeça em nós
E que em nós floresça
Repercutindo em mil luzes sagradas
Tua presença etérea nos enterneça
E que sejamos sempre 
E eternamente pequenos luzeiros
Que transmitem seus raios pela vida
E que vaguem pelo infinito 
Voltando a ti figura iluminada.

Com amor à nossa amiga Denise Denise Severgnini que nos deixou e tornou-se uma estrela...Luz que reluz...



Luz que reluz
E que jamais se apague.
Seus versos iluminados nos acompanhe sempre
Que seu brilho resplandeça em nós
E que em nós floresça
Repercutindo em mil luzes sagradas
Tua presença etérea nos enterneça
E que sejamos sempre
E eternamente pequenos luzeiros
Que transmitem seus raios pela vida
E que vaguem pelo infinito
Voltando a ti figura iluminada.

Com amor à nossa amiga  Denise Severgnini que nos deixou e tornou-se uma estrela...
Faleceu dia 09/01/2013
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sábado, fevereiro 23, 2013

PHIL COLLINS - EVERYDAY e Antena 1 - Saudades de Sampa

Uma coisa que sinto falta em Manaus... Antena 1. Amo esta rádio, mas principalmente ao anoitecer. Confesso que ouvi-la durante a noite me faz sentir em casa.
Nem sei o motivo real, só sei que me faz sentir como se tivesse mesmo em casa, assim, adormecer fazendo algo que gosto. Claro que é muito normal eu dormir com outra coisa além da rádio...
Ouvir a Antena 1 não me faz perder a concentração.
Leio horas a fio mesmo ouvindo a rádio e curtindo as belíssimas seleções diárias.
Ouço desde a adolescência.
Lembro que tinha amigos que diziam que não entendiam uma pessoa que não gosta de outras línguas, ser fanática por uma  rádio que só toca música internacional. Nem tento explicar.
Apenas ouvia...
Quer conhecer? Visite a Antena 1 na Internet e divirta-se.
Só lá se ouve Phill Collins, Bryan AdamsPatrick SwayzeCyndi Lauper, Sting,
E muito mais...


segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Hachiko, uma amizade incondicional...





Dizem que existe o livro sobre Hachiko, o cachorro japonês que ia a estação esperar  seu dono. Mas até agora não encontrei quem o tenha lido... Bem, estou falando em bom Português...
Em outras línguas já vi.
Vi os filmes e vejo a amizade deste animalzinho como algo especial.
O monumento feito em memória desta amizade é mundialmente conhecido. Para as outras pessoas pode ser estranho tantas pessoas viverem em função de um animal  que vai e vem pela estação, mas isto é prova de que não conhecem o compromisso dos japoneses com os animais. Os japoneses cuidam bem dos animais, sem distinção de cor ou raça. Alimentam  e dão cuidados especiais aos animais. Diferente do Brasil onde há tantos animais abandonados andando pelas ruas e sendo sacrificados pelos órgãos públicos.
A foto acima é o próprio Hachiko, empalhado, no Museu Nacional de Ciência do Japão. Parece vivo!

Elisabeth Lorena Alves


O Texto abaixo eu retirei do site Meus Vira-Latas. Lá tem muitas outras histórias bonitas de Animais.





É difícil encontrar alguém que goste de cães e nunca tenha ouvido a famosa e emocionante história do akita Hachiko, que esperava todos os dias pelo seu dono, o professor da Universidade de Tóquio, Hidesaburo Ueno, na estação de trem, mesmo após a sua morte 10 anos depois. Esta história é tão conhecida que ganhou versões para o cinema como ‘Sempre ao seu lado‘ (Hachiko – A Dog’s Story) e ‘Hachikô monogatari‘, um longa japonês de 1987. Hoje, 77 anos depois de sua morte, Hachiko ainda é famoso no Japão e no mundo.

Agora, um museu em Tóquio está apresentando uma exposição fotográfica com uma foto feita imediatamente após a morte de Hachiko, em 8 de março de 1935, no exato momento de oração por ele. Segundo o museu, essa foto foi tirada pouco depois de Hachiko ter sido encontrado morto na estação de trem e seu corpo ter sido levado para a sala de bagagem, onde recebia a homenagem de funcionários e da viúva do professor Ueno.

Medindo 12 centímetros por 16 centímetros, a fotografia pode ser vista no Museu Memorial de Literatura, em Shibuya Ward até 22 de julho, como parte de uma exposição.
“As pessoas na foto estão orando pelo descanso da alma de Hachi”, explica Keita Matsui, o curador do Museu. “A partir da foto, podemos perceber o quanto ele foi amado naqueles dias”, conclui.
Um dos funcionários da estação, Yoshizo Osawa, deu a foto para sua filha mais velha, Nobue Yamaguchi, hoje com 78 anos. “Meu pai amava os cães”, disse Yamaguchi”. Ele me disse,”Hachi vinha para a nossa estação a cada dia e nós dividíamos nossos almoços com ele”.
Hachiko7

A fama de Hachiko começou na década de 30, quando o jornal The Asahi Shimbun relatou seu ritual diário, onde mesmo anos após a morte de seu dono continuava à sua espera na estação de trem, atento e com a esperança de que ele um dia voltasse do trabalho. Uma estátua de bronze de Hachiko foi erguida em frente à estação de Shibuya e é ponto de visita obrigatório para os turistas.




A viúva do professor Ueno, segunda da direita para a esquerda na primeira fila, e funcionários da estação rezando para o repouso de "Chuken Hachiko" (Leal cão Hachiko) em 8 de março de 1935 (foto: Shibuya Folk e Literária Shirane Memorial Museum)

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Presentes para Mim


Vou contar para meus queridos leitores algo que me aconteceu em certa Ocasião.
Eu trabalhava na Prefeitura, era um das assessoras do Gabinete e trabalhava direto com ‘o homem’. Como eu era muito séria – sou na verdade – mesmo com minha simpatia, as pessoas não tinham coragem de me fazer perguntas pessoais.
Todas as segundas ao chegar ao escritório, tinha sobre minha mesa um arranjo floral, de flores do campo, sempre variando a qualidade, mas sempre campestres.
Eu entrava em minha sala, orava, abria  as portas de comunicação com o outro assessor e a secretaria e pegava meu cartão lia, cheirava minhas flores.
Começava meu trabalho. Neste período a maioria das secretárias estavam conversando sobre o final de semana, a novela e coisas assim.
Os meses se passaram e eles todos querendo saber quem é que enviava as benditas flores.
Um dia sai para almoçar e chamei uma colega para me acompanhar, pois depois do almoço iríamos a uma reunião importante. No caminho do restaurante, entrei na Floricultura, ela comigo, encomendei flores para minhas próximas 4 semanas, flores para a sala das meninas da faxina – elas me ajudavam muito e eram muito carinhosas comigo -  saímos e fomos almoçar.
Sabe quando a pessoa fica sem entender nada?

Assim ela ficou.
Ai virou para mim, sem graça: posso fazer uma pergunta.
Eu sem entender, respondi seu sim.
- Porque a senhora manda flores para si  mesma?
E eu.
- Como assim?
- A senhora encomendou flores para sua sala e ainda deixou lá os dizeres que quer que mande no cartão!
- Claro – respondi – Só eu sei o que quero ler antes de começar meu dia.
- Porque a senhora faz isto?
- Simples. Eu me amo!
Ela não entendeu nada.
Na segunda seguinte chegou as flores, agi do mesmo modo de sempre. Sorri feliz com o perfume e fui para a copa, anexada a sala da secretaria, para tomar um café.
Um dos colegas me disse:
- Parabéns por sua atitude, só faz isto quem se ama.
Sorri sem nada dizer e tomei meu ‘pretinho’ amado e segui com meu dia, feliz da vida, com meu presente e o perfume que inundava a sala, quando eu chegava.
Amo receber presentes de mim mesma. Bem embrulhados, com caixas magníficas, livros, flores, bombons. 
Amo.

Experimente e comece hoje, faz um 'bem danado de bom' . 

quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Sete anos de pastor Jacó servia [Camões]


Estava com uma saudade danada de postar uma poesia por aqui. Gosto muito de Camões e não resisiti a este hoje.
Espero que gostem!


Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel serrana bela,
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pertendia.

Os dias na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com vê-la:
Porém o pai usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe deu a Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,

Começou a servir outros sete anos,
Dizendo: Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.
2007/05/07 enviada por WebMaster
 
Autoria de Luís Vaz de Camões


Amor de Papel [Recanto das Letras]

Amor de Papel
Abri a gaveta e deparei-me com as lembranças escritas de um amor que passou. Na verdade do amor.
Um soluço escapou de meu peito, deixando para trás multidões deles aprisionados. Meus olhos molharam-se com lágrimas que eu jurava já não possuir, minhas mãos tremiam frente a possibilidade de tocar as recordações de momentos maravilhosos que pareciam ter ficado no passado, mas levantava-se em formas de cartas, poemas, cartões e até papeis coloridos de bombons e balas, tudo prova de que relembrar é viver outra vez.
O problema de lembrar um amor que se foi é que sentimos tantas alegrias ao recordar, revivemos momentos que o tempo não conseguiu apagar, lembramos de lugares onde estivemos, de perfumes que sentimos juntos, das canções que dançamos no terraço, ou das vezes que dançamos sem música mesmo, embalados por acordes que só nosso coração ouvia, mas no mesmo compasso.
Sentimos de novo o arrebatamento do primeiro olhar, a surpresa do primeiro beijo, a delícia da primeira carícia, a ternura do roçar dos lábios na pele sedenta, a vida renascer em esperanças.
Vivemos de novo a mesma alegria, desejamos de novo as mesmas carícias...
Então despertamos da letargia e descobrimos que tudo não passou de um recordar e que o que temos nas mãos são apenas marcas do que se foi, fragmentos de um sonho que vivemos tempos atrás, mas que se acabou.
Neste momento nos perguntamos o motivo que fez com que tudo ficasse no passado e percebemos que os motivos não importam, que o que de fato nos interessa 
é que queríamos de volta aquela alegria, mas o que nos restou de concreto são apenas papeis no fundo de um compartimento secreto de nossa gaveta na cômoda.
Cambaleando, zonza com as lembranças despertas, fecho novamente meus segredos na gaveta e empurro com cuidado, temendo que escapem dali.
Era amor, hoje é só papel.Amor de Papel
Abri a gaveta e deparei-me com as lembranças escritas de um amor que passou. Na verdade do amor.
Um soluço escapou de meu peito, deixando para trás multidões deles aprisionados. Meus olhos molharam-se com lágrimas que eu jurava já não possuir, minhas mãos tremiam frente a possibilidade de tocar as recordações de momentos maravilhosos que pareciam ter ficado no passado, mas levantava-se em formas de cartas, poemas, cartões e até papeis coloridos de bombons e balas, tudo prova de que relembrar é viver outra vez.
O problema de lembrar um amor que se foi é que sentimos tantas alegrias ao recordar, revivemos momentos que o tempo não conseguiu apagar, lembramos de lugares onde estivemos, de perfumes que sentimos juntos, das canções que dançamos no terraço, ou das vezes que dançamos sem música mesmo, embalados por acordes que só nosso coração ouvia, mas no mesmo compasso.
Sentimos de novo o arrebatamento do primeiro olhar, a surpresa do primeiro beijo, a delícia da primeira carícia, a ternura do roçar dos lábios na pele sedenta, a vida renascer em esperanças.
Vivemos de novo a mesma alegria, desejamos de novo as mesmas carícias...
Então despertamos da letargia e descobrimos que tudo não passou de um recordar e que o que temos nas mãos são apenas marcas do que se foi, fragmentos de um sonho que vivemos tempos atrás, mas que se acabou.
Neste momento nos perguntamos o motivo que fez com que tudo ficasse no passado e percebemos que os motivos não importam, que o que de fato nos interessa
é que queríamos de volta aquela alegria, mas o que nos restou de concreto são apenas papeis no fundo de um compartimento secreto de nossa gaveta na cômoda.
Cambaleando, zonza com as lembranças despertas, fecho novamente meus segredos na gaveta e empurro com cuidado, temendo que escapem dali.
Era amor, hoje é só papel.
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quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Torta de Aveia sem Farinha de trigo

Torta de Aveia (sem farinha de trigo)



(Ingredientes)
3 ovos
1/2 xícara de (chá) de óleo
2 xícaras de aveia em flocos
1 colher bem cheia de fermento em pó
Opcional 1/2 xícara de farinha de Quinoa e 2 colheres de linhaça dourada

(Unte a forma e enfarinhe com fubá ou aveia fina)

Recheio
200 gramas de frios - em Sampa o Supermercado Jangada, no Juscelino, vende uma bem fresquinha
1 lata de seleta
3 ou 4 azeitonas picadas
1/2 cebola picada
opcional - 1 colher (chá) de curry em pó

Prepare o recheio.
Refogue a cebola em um fio de óleo ou azeite
Junte a seleta refogue um pouco acrescente as azeitonas
Desligue a panela
Junte o curry
Mexa bem.
Reserve.
( Os frios você só junta ao recheio na hora de usar - para o queijo não derreter)

Preparando a massa
Coloque no liquidificador todos os ingredientes bata bem - MENOS o Fermento.
(Se ficar muito grosso acrescente 1/2 xícara de água - depende do ovo, se for pequeno vai precisar de mais água)
Bata bem.
Acrescente o fermento e mexa com uma colher.

Coloque metade da massa na forma untada.
Coloque todo o recheio - AGORA já misturado com os frios
Cubra com o resto da massa.

Opcional - eu uso porque amo
Coloque por cima gergelim assado - eu faço o de meu uso em casa - sabe Deus como eles assam por aí!

Leve ao forno para assar. Respeitando as normas de seu fogão.
(O tempo de assar, em forno normal é o mesmo da torta de sardinha, por exemplo)

Aqui na Jane Uchôa fica pronta em 8 ou 10 minutos em forno baixíssimo - MAS o forno dela é super maluco.

terça-feira, fevereiro 12, 2013

Em Cinzas [Recanto das Letras]

Em Cinzas

O Salão está vazio, a música desouve-se na memória, inglória
Serpentinas perdidas pelos cantos, recantos
Casais dormitando nas cadeiras duras, impuras.
Portas esquecidas que ao longe bate, rebate.

Fantasias ao vento perdidas, fedidas,
Atores sem máscaras, sem caras
Sonhos que se desfazem, refazem
Vidas aos poucos sentidas, vendidas.

É fim de festa, nem presta
Findou do Carnaval, festival
As luzes se afagam, se apagam,
Acabou o amor, que horror.

Terça-feira, quarta-feira de cinzas
Cinzas do que se veio e se foi
Foi o amor sonhado, desejado
Ficou as cinzas da paixão, desilusão


* Cinzas foi escrito para o tema Carnaval do Vamuaí.
(Vamuaí é um grupo da Internet, fechado, para poetas amadores. Eles dão um tema e cada um dos componentes escrevem uma poesia outexto sobre o assunto. Criação da escritora Vera Celms, o grupo tem diversos escritores, poetas e amadores e eu como amadora da Literatura que sou, me permito escrver algumas vezes)

sábado, fevereiro 09, 2013

São Paulo, um país dentro de um Estado [Revista Biografia]




São Paulo, um país dentro de um Estado.
Cidadão
(Sílvio Brito)
Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição, eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto, olho pra cima e fico tonto,
Mas me chega um cidadão
Que me diz desconfiado: "Tú 'taí' admirado,
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido, vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio, eu não posso 'oiá' pro prédio,
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço? Eu também 'trabaiei' lá
Lá eu quase me arrebento, fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente, vem pra mim toda contente
"Pai vou me matricular"
Mas me diz um cidadão: "Criança de pé no chão,
Aqui não pode estudar"
Essa dor doeu mais forte, por que é que eu deixei o norte?
Eu me pus a me dizer.
Lá a seca castigava, mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja moço? Onde o padre diz "amém"
Pus o sino e o badalo, enchi minha mão de calo
Lá eu 'trabaiei' também. Mas ali valeu a pena,
Tem quermesse, tem novena, e o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
"Rapaz, deixe de tolice, não se deixe amedrontar"
"Fui eu quem criou a Terra,
Enchi o rio, fiz a serra, não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas, e na maioria das casas
Eu também não posso entrar"
"Fui eu quem criou a Terra,
Enchi o rio, fiz a serra, não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas, e na maioria das casas...
Eu também... não posso entrar.

Dia 18 de Dezembro comemora-se o Dia do Migrante. Bem, deveria ser comemorado, mas poucos paulistanos lembram-se desta data e alguns nem mesmo a conhece.
Inicio meu texto desta semana falando sobre os Migrantes, pois falar de São Paulo sem contar a importância destes povos brasileiros que chegam as Rodoviárias todos os dias, em grandes ou pequenas quantidades, desde 1930, é deixar de falar de 45% da população do Estado. E vamos combinar que 45% é um total que se deve considerar.
A Migração iniciou-se para que o Estado tivesse mão de obra nas lavouras de café, algodão e cana-de-açúcar, esta última sendo, na época, uma das menores culturas agrícolas, mas tendo sua importância. As pessoas deixavam suas cidades para vir 'ganhar a vida' em São Paulo para depois retornar para seu povo levando um pouco de dinheiro. A esperança destas mudanças, no início do processo migratório, era 'plantado' nos corações deste povo sofrido, pelos homens contratados para ajudar no processo de migração. As pessoas deixavam suas casas e viajavam de modo inseguro pelo interior do sertão, procurando as Rodoviárias de onde partiriam em busca de 'sua “terra prometida’’. No início as pessoas encontraram um bom lugar para trabalhar e conseguiam até mandar uns 'caraminguás' para seus familiares, mas a vida na cidade grande cobrava-lhes um alto preço. Assim muitos foram constituindo famílias no Estado que os acolheu e eles não conseguiram voltar ao seu pedaço de chão, aumentando assim a população paulistana.
A migração, dita nordestina, dividiu-se em duas vias de entrada. Uma entre 1930 e 1950 em que migrantes vieram trabalhar na lavoura, como citei acima, e a outra via iniciada em 1980 e relacionada ao plantio da cana-de-açúcar para a Indústria de Petróleo alternativo do Programa Nacional do Álcool (programa de substituição em larga escala dos combustíveis a base de petróleo para veículos automotores a álcool) financiado pelo governo do Brasil, devido as crises de petróleo de 1973 e 1979. Quem viveu esta época lembra-se do Etanol e seu cheiro repugnante! Muitos destes migrantes ficavam nas cidades somente durante a safra e trabalhavam em lavouras ou usinas, a maioria voltava para seus Estados ao fim desse período. Muitos destes migrantes temporários acabavam fixando-se em empresas da Construção Civil para 'plantarem espigões' e traziam aos poucos suas famílias ou constituíam novos laços familiares em São Paulo.
Segundo dados encontrados em Museus e Arquivos da Migração, quase 51% dos trabalhadores migrantes que entraram em São Paulo entre 1936 e 1940, eram originários da Bahia.
Com esta entrada acirrada de brasileiros de outros Estados, São Paulo tornou-se este lugar inusitado, onde se pode comer de tudo, falar com diversos sotaques. Em São Paulo pode-se comer um bobó de camarão, um tutu à mineira, munguzá de milho branco, moqueca de peixe com muito dendê e leite de coco, churrasco e chimarrão que eu, particularmente amo. Paulista ama estes contrastes não só culinário, mas culturais também, afinal estes povos trouxeram suas histórias, sua literatura, suas músicas e seus folguedos.
O maior incentivador da migração para São Paulo foi Armando Salles de Oliveira, que em 1935 decidiu estimular a entrada de diversos outros brasileiros para suprir a mão de obra na lavoura.
Na verdade esta migração não era algo aleatório, fazia parte de uma estratégia do governo de Armando Salles de Oliveira, que consistia em introduzir trabalhadores mediante a seguinte subvenção: pagamento de passagem, bagagem e um pequeno salário para a família. As firmas contratadas pelo governo para trazer trabalhadores de outros Estados passaram a operar com afinco no Nordeste do país e no Norte do Estado de Minas Gerais, criando a ilusão de uma vida gloriosa nas terras paulistanas. Os trabalhadores de então faziam como fazem os que saem do País em busca de 'dólares', acreditavam piamente nas palavras dos 'atravessadores' e mudavam para São Paulo sem imaginar o que lhes reservava a sorte quando o emprego faltasse. Não é assim que ocorre hoje aos que saem do Brasil em busca de dinheiro fácil, mas encontram lá fora muito trabalho e pouco respeito.
Depois das empresas que trouxeram migrantes para São Paulo, em 1939, o Departamento de Imigração e Colonização foi reorganizado e criaram a Inspetoria de Trabalhadores Migrantes, que substituiu as firmas particulares no serviço de migração. Assim, quando as famílias chegavam a São Paulo eram recebidas na Hospedaria do Imigrante e então distribuídas pelo Estado. Neste ano chegou a entrar em São Paulo 100 mil migrantes.
Só em 1950 e 1960, com a industrialização maciça do Estado surgiram os migrantes que ocuparam as funções 'magras' nos diversos setores da Indústria. Isto por causa do processo de substituição de importações e a necessidade de suprir os desejos dos moradores do Estado. Estes dois fatores impulsionaram o desenvolvimento industrial da região.
Com a mistura que se deu de povos, o Estado enriqueceu-se, ganhou a forma cosmopolita que lhe dá fama. Bairros ganharam sotaques e sabores diferenciados. Os nordestinos trouxeram sua dança – o forró - e seus temperos, os nortistas que tomaram para si Carapicuíba, trouxeram seus doces exóticos e mesclaram com os sabores e saberes de seus vizinhos nordestinos, pois, juntos, perfazem um total de 70% da população daquele local.
Assim como existe o Centro de tradição Nordestina, há também o centro de Tradição Gaúcha, onde os gaúchos realizam festas com acordeão e rabeca e, claro, churrasco. É válido lembrar que os gaúchos preferem morar no Embu, onde preservam a tradição do mobiliário rústico e artesanal. Mas o Centro de Tradição Gaúcha fica no município de Diadema, a beira da Represa Bylings. Uma das muitas atividades comuns e que todos podem participar, sendo gaúcho ou não, são as aulas de dança folclórica que acontecem nos finais de semana. Outro evento, este acontece 1 vez no mês, todo segundo domingo, é a “Domingueira” um almoço com o típico churrasco gaúcho.
Bem, mas não é sobre os gaúchos meu texto desta semana, pode até ser num futuro, quem sabe. Este povo brasileiro tem muito a nos contar e ensinar, só que estamos falando sobre a migração que reformulou a população do Estado. Antes dos demais Estados surgirem em São Paulo com sua colaboração importante, a população do Estado era composta de europeus, negros e indígenas.
A migração tornou-se uma necessidade muitas décadas antes de ela se iniciar. Na verdade, ela se fez necessária, pois anos antes, em uma absurda ideia de que os brancos eram superiores aos demais e só os europeus eram dignos de confiança, ocasionou uma das maiores limpezas étnicas da História do Estado. É válido lembrar que esta situação aconteceu em todas as capitais brasileiras. Foram expulsos das grandes cidades os caipiras, cafuzos, mestiços em geral, mas esta é outra História.
Antes de terminar, vale lembrar que esta chamada eugenia ocorrida nas grandes cidades era uma discriminação racial e atingia a todos os povos natos das terras. A canção que usei como tema, “Cidadão”, de “Sílvio Brito”, fala de outra discriminação, a discriminação social. Esta ainda está muito presente ainda nas grandes capitais. As pessoas sentem medo dos mais pobres, desconfiam de seus atos e quando andam entre os simples mortais, nas ruas,  seguram seus bens como se fossem sua própria vida. Que fique claro que a discriminação social não é um mal da sociedade paulista apenas, as pessoas que viajam e conhecem outras capitais sabem muito bem que é um problema de Brasil e do mundo. Vi muito isto no Rio de Janeiro, quando visitava as praias famosas, cheia de celebridades e de pessoas abastadas, eles olhavam com desprezo para meu maiô de outras épocas. As pessoas valorizam seus iguais, mas se esquecem que não somos iguais em nada. Temos características físicas idênticas por sermos seres humanos, mas o que nos molda é nosso convívio social, nosso contato diário com a realidade. Pessoas que não sabem aproveitar o aprendizado oferecido pela vida, formando-se apenas nas universidades, descobrem, hora menos hora, não terem aprendido nada.
Na canção de Sílvio Brito aprendemos muitas vezes que, nós mesmos, os pobres mortais, os mortos de fome, agredimos ao próximo só por estarmos ao lado de quem pode mais que nós. Sempre penso que a pessoa que se aproxima do personagem desta canção, quando admira o grande edifício construído por ele, é na verdade um guarda, que se afasta da guarita, com a mão no cassetete e pergunta se o outro é um ladrão. E por qual motivo vejo assim? Simplesmente por ver, sempre, que as pessoas não percebem que no tabuleiro da vida, como os peões que protegem as torres, os bispos, o rei e a rainha, eles serão simples peões sempre, mesmo quando o jogo acaba e o tabuleiro volta posição inicial.
E como dizia um Programa Infantil, aqui finda esta história, quem quiser que conte outra. E para não terminar a seco, fica mais uma canção de Sílvio Brito, Pacato Cidadão, que conta as dores do migrante. Uma história de vida em algumas estrofes.
A todos os migrantes que construíram meu Estado, meu muito obrigada!!!
Pacato Cidadão
(Silvio Brito)
Pacato cidadão vindo da Paraíba
Ou era Pernambuco Ceará não sei, só sei que é lá de riba
17 anos 17 irmãos 10 ainda com vida
Saiu pelo Brasil, foi para são Paulo
Levou quase nada o que mais pesava era um montão de calos
Pau para toda obra vontade de sobra em busca de trabalho.
Ai minha mãe, é mais bonito do que se pensa
Ai meu pai arranjei serviço aqui no edifício abraço, tchau e bença.
Primeiro salário metade para família
Ai comprou raibam, calça de blue jeans, rádio de pilha
Ainda sobrou uns trocos de muita hora extra, ai que maravilha!
Conheceu uma moça no Ibirapuera
Morena bonita, jeito de artista flor de primavera.
Ai então danou-se, ele apaixonou-se, namorou com ela.
Ai minha mãe, é mais bonito do que se pensa
Ai meu pai to apaixonado, to quase casado, abraço, tchau e bença.
Largou do edifício foi cavar metrô
Tentou outras coisas fez de tudo um pouco só não assaltou.
Quis que aquela moça casasse-se com um moço trabalhador.
Tiveram dois meninos Jeferson e Kleiton
Gêmeos berram juntos, gêmeos mamam juntos um em cada peito
Tudo engano dela erro de tabela agora não tem jeito.
Ai minha mãe, é mais bonito do que se pensa
Ai meu pai agora eu sou pai que nem você é meu pai, abraço, tchau e bença.
Mas veio o desemprego e com o passar do tempo
O sonho que era doce acabou-se a coisa foi ficando séria
Ela então danou-se desapaixonou-se fugiu da miséria.
A alma dele então virou uma só ferida pacato cidadão mais um na multidão perdido e sem saída, 27 anos 10 de desenganos nos becos da vida.
Ai minha mãe, é mais doído do que se pensa
Ai meu pai coração ferido mais que arrependido que saudade imensa.


Elisabeth Lorena  Alves - Alguém que não gosta de ficar parada, mas que estaciona frente a um bom livro e sonha com as palavras. Posta no Elisabeth Lorena Alves ( www.eliselorena.blogspot.com.br)

2 comentários:

Jane Eyre Uchôa disse...
O nordeste está em todo lugar. Até hoje penso por que não se investe neste povo? não se investe nas suas terras tão lindas? precisam passar perrengues na casa dos outros, que tristeza. Antes de chegar em Sao Paulo 1930, eles passaram aqui pelo norte no ciclo da borracha 1889 e sofreram o diabo por aqui. Infelizmente até hoje só muda o ciclo das coisas, mas o povo nordestino continua saindo de casa para ganhar a vida em terras alheias. Excelente texto Beth, mostra a cara do Brasil.
Elisabeth Lorena Alves disse...
Agradeço Jane, a leiturae o comentário.
Enquanto pesquisava para relembrar estas histórias todas, passei pelo ciclo da borracha e dei uma paradinha, afinal, como dissestes com propriedade, o povo nordestino já tem muito tempo que anda de lá para cá procurando um modo melhor de viver, mas sempre na casa dos outros - usando suas palavras - pois realmente ninguém investe para que eles sejam felizes em seu solo pátrio.
Em São Paulo há todo tipo de migrante, mas que foram ganhar a vida lá, foram, em sua maioria, os nordestinos. Estes mesmo que construíram com seu suor e saudade o meu Estado querido. Outros também aportaram por lá e tiveram sua importância, mas sofrer como este povo sofreu não foram todos.
Meu Estado tem uma dívida de honra com os estados todos do Nordeste e alguns Estados do Norte também.
Amo sua visita e estou esperando seu texto desta semana, pronta para comentar.
Abraços

Vinagre e Bicaronato limpa tudo

Super limpa tudo
Uso vinagre para limpar o banheiro.
Ele tira todas as impurezas, além de tirar os cheiros residuais.
Para limpar entre os  azulejos uso uma pastinha de bicarbonato e água.
Ao final, uso um bom spray e tudo fica perfurmado.
Hoje recebi no meu Facebook a seguinte receita e achei surpreedente, pois de fato isto é genial.

PARA O AMBIENTE:

1 LITRO DE ÁGUA + 1/2 COPO VINAGRE DE ÁLCOOL + 1 COL. SOPA BICARBONATO SÓDIO + 1/4 COPO DE ÁLCOOL + 1 COL. SOPA AMACIANTE.

Dica: como o vinagre e o bicarbonato efervescem usados juntos, procure fazer a mistura num recipiente grande para depois colocar no frasco menor e na seguinte ordem:

1 - água
2 - álcool
3 - bicarbonato
4 - vinagre
5 - amaciante

Borrife sobre tecidos em geral: sofás, almofadas, caminhas de cachorro, cortinas, travesseiros, cobertores, roupas...além de tirar maus cheiros deixa o perfume duradouro do amaciante.

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Guaianases [Revista Biografia]


Guaianases velho de guerra
Olá amigos leitores e seguidores da Revista Biografia! Estava com saudades de escrever para vocês. Algumas semanas de férias compulsórias me fizeram ficar distante da História da minha São Paulo querida.
Hoje, para compensar, vou contar-lhes mais uma História de Bairro do meu Estado querido. Já vou pedindo perdão pelos possíveis apegos e sentimentalismos, pois vou falar de um lugar que conheço e onde vivi por quase 40 anos: Guaianases.
Para começar, deixa eu contar uma curiosidade...
Anos atrás as pessoas morriam de medo dos moradores deste bairro, mas não era pelo perigo, comum, atribuído as pequenas e grandes cidades, era por considerar que ali não havia gente inteligente. Os povos centrais, donos de empresas e patroas, acreditavam que éramos todos descendentes de índios – e acho que acreditavam ainda mais, que fôssemos todos canibais, pois bastava falar que era morador de Guaianases que as portas se fechavam. Ainda alcancei esta loucura. Meus amigos iam procurar emprego e diziam que moravam na Parada XV de Novembro.
Com esta loucura bairrista, nós também acabamos criando nosso próprio sentimento bairrista, passamos a cultivar o orgulho de sermos de Guaianases.
Guaianases nasceu antes do que se diz que nasceu e teve grande importância para a História de nosso Estado. Nas Bibliotecas mais antigas e na da Câmara Municipal de São Paulo pode-se encontrar relatos anteriores ao dia comemorado como o de sua fundação, mas nosso Brasil tem a mania horrorosa de só acreditar que um bairro existiu a partir de uma missa realizada, assim sendo, nossa verdadeira história acaba perdida.
Infelizmente para Guaianases e para quase todos os bairros e cidades brasileiras, muito de nossa história é manipulada pelos interesses de A ou B.
Guaianases, antes de sua formação oficial, era um aldeamento pequeno onde as pessoas em viagem para Santos e outros lugares, paravam para trocar seus cavalos, fazerem a sua higiene e se alimentarem. Uma pessoa famosa fez isto algumas vezes por ali: Dom Pedro I, indo de visita a Marquesa de Santos. Por certo outros assim o fizeram, embora a História faça questão de esquecer.
Antes de sua fundação oficial, também, Guaianases era local de moradia indígena e tem seu nome atribuído a um aldeamento destes, o povo Guaianás.

Guaianases é formado por diversas nações e tem sua História envolvida com diversas outras histórias. Em grande parte deve sua formação a três povos específicos: os indígenas, os italianos e os nordestinos. Por volta dos anos 90 o artista gráfico Natalício Vigo chegou a fazer uma estátua com estas três figuras que foi colocada na entrada do Bairro, perto do Jardim Helena. Eu até ganhei uma réplica quando da realização do Seminário “Guaianases tem Solução”, mas não tenho mais, por causa de um acidente doméstico.
Quando falamos que três povos específicos formaram este bairro, acabamos sendo um pouco injustos, pois há grande contribuição de outros povos em sua formação. Há influência japonesa, chinesa, alemã e de muitas outras nacionalidades. Há, também, influências de outras famílias que nem sempre aparecem nos documentários, tais como: a família Mariano, Carmo, Leite, Chabi e muitas outras.
No fim dos anos 90 e início de 2000, Guaianases contava com dois milhões de habitantes, números agora manipulados para evitar que o bairro vire um município (um desejo antigo de muitos moradores locais).  Este número pode ser sim mudado, para referenciar minha informação cito que só na Cidade Tiradentes, que possui em média um terço dos moradores do bairro, moram mais de 800 mil famílias – a Cidade Tiradentes é um complexo de habitações nada modernas, feitas a partir da construção de prédios com cinco andares, sem elevadores, em um lugar, outrora, ermo e afastado do centro, mas que agora cresce assustadoramente. Além dos tais edifícios, há construções, feitas através mutirões, de casas de andares e, também, algumas invasões, algo muito comum nos últimos anos-.
Guaianases também tem algo curioso, quase toda a casa tem inquilinos, algumas com mais de três famílias. As pessoas sublocam suas casas (por menores que sejam) e isto, na maioria das vezes, se deve pelas necessidades financeiras, afinal viver em Guaianases é caro, pois é um bairro longe das empresas e comércios específicos. Essa afirmação também é um pouco injusta, temos aqui um bom Comércio e contamos com Indústrias locais. Temos escolas particulares e até Faculdade no Bairro, tudo bem que não é, ainda, uma Federal, mas sonhamos com isto. Se podem construir cadeias públicas, por que não construir Universidades...
Guaianases tem lenda própria. Embora muitos acreditem que não seja lenda e sim uma história real, horrorosa por sinal, e que prova o quanto nós, seres humanos, podemos ser bárbaros, esta relacionada a um das primeiras Capelas do Bairro – a Igreja de Santa Quitéria. Diz a “lenda” que Santa Quitéria era uma escrava fugitiva das fazendas existentes na região e pertencentes aos padres Carmelitas, que foi perseguida, capturada e sacrificada selvagemente no mesmo local onde foi construída a Igreja.
O aniversário oficial de Guaianases é comemorado no dia três de Maio, dia de Santa Cruz, data que foi celebrada a primeira missa, em 1861, mas é de conhecimento histórico que desde 12 de outubro de 1580, foi autorizado o aldeamento de Guaianases e região. Esse aldeamento foi iniciado pelo Bairro de São Miguel Paulista, pelos índios Ururaí. Jerônimo Leitão, o Capitão desta Capitania em São Vicente, foi quem autorizou este aldeamento com condições de sesmarias.
Atribuem aos italianos e espanhóis a formação do Bairro, pois foram eles que propiciaram o crescimento financeiro e sabemos que o que manda é o dinheiro. E é desta forma que é vista a formação de nosso bairro, pelo prisma da entrada de grandes quantidades de dinheiro no Bairro.
Não desmerecendo ninguém vou citar, de acordo com as informações mostradas nos poucos livros que se dignam falar sobre a formação de Goianases, as origens das primeiras fontes de rendas: Olarias e Pedreiras; Derrubada de Árvores para a construção de casas indústrias e comércio nos bairros da Móoca, Belém, Pari, Bom Retiro, Brás e adjacências; Comércio de secos e molhados; Cultivo de produtos agrícolas e agropecuários, além de ferreiros e carpinteiros. Guaianases possuía, como todos os bairros considerados desenvolvidos, os fotógrafos de família, principais responsáveis por algumas das poucas fotos que sobreviveram ao tempo. Essas “fotos registros”, se o Estado nada fizer, será perpetuada como propriedade exclusiva da Eletropaulo Metropolitana. Estes fotógrafos só faziam retratos de/para pessoas com bom poder aquisitivo, pois este era um trabalho caro para os demais.
Conta-se que os primeiros loteamentos surgiram na década de 1920, como Vila Iolanda (1926), CAIC (1928), Princesa Isabel (1928), parte da fazenda Santa Etelvina (1926). Nesta mesma época surgiu um pequeno núcleo de imigrantes alemães e austríacos, em número de doze famílias que viviam na região do Santa Etelvina. Outra curiosidade: Guaianases tem dois loteamentos com este nome, Jardim Santa Etelvina, formado nas terras onde existia esta fazenda de mesmo nome e outra vila, na Cidade Tiradentes, que também se chama Santa Etelvina e que, também, era uma fazenda com este nome... Guaianases tem história no Corpo de Bombeiros, a família Rulh, o comandante Carlos Ruhl dá nome para uma das ruas da Vila Princesa Isabel, mesma rua onde fica uma das mais antigas escolas, o Colégio Pedro Taques. A família Ruhl esta há diversas gerações prestando serviços à comunidade através do Corpo de Bombeiros.
A Primeira Agência de Correios foi fundada em 1873 e demorou um pouco mais para ser ter uma delegacia, na verdade uma subdelegacia de polícia, que foi criada só em 1895.
Em matéria de esporte surgiram duas Agremiações Esportivas, o Atlas Lajeadense F.C, fundado em 1915 e, anos depois, em 1934, fundaram a União F.C. Possuíam boas sedes, onde nos finais de semana, realizavam animados baile. Estes times eram tão conceituados junto a Comunidade local que se uniram em 1946, criando o atual Guaianases F.C. Em 1955 surgiu o Grêmio Botafogo F.C, que está em atividade até hoje. Além do futebol, existiam e ainda existe diversos times de bocha e muitos outros campeonatos de bocha.
Havia também Bandas de Músicas. A primeira existiu no período compreendido entre 1915 e 1926. A Segunda Corporação Musical Lira de São Benedito, foi fundada em 1933 e extinta em 1938. No entanto gosto musical não acabou, a maioria das escolas mantinham sua turma de Fanfarra – quem sofria eram os vizinhos das escolas. Eu morava perto da Rosanova e quando os alunos começavam os ensaios, todos sofríamos, mas é sempre bom ver os pequenos e grandes marchando no dia 3 de maio, no desfile do aniversário de nosso bairro. Neste dia, por milagre, eles acertam as notas e fazem uma belíssima apresentação.
Havia também uma estrada de ferro, de propriedade particular, que ligava a Estação Lajeado à Fazenda Santa Etelvina – a que ficava onde hoje é a Cidade Tiradentes. Esta estação foi instalada ali em 1908 para transportar lenha, tijolos, pedras, carvão e produtos agrícolas da região da Passagem Funda; existia também um bondinho, que corria nestes trilhos e era utilizado para o transporte de passageiros. As ruas centrais tinham, instalados, lampiões que eram acesos no início da noite e apagados pela manhã.
Guaianases também mandou um soldado para guerra. Na verdade o “Otelo Augusto Ribeiro” era um pracinha que morreu nas terras da Itália. Lembro-me que sempre me perguntava quem era a pessoa que dava nome a Rua da Biblioteca e descobri anos depois a história deste herói que tombou nos campos distantes de nosso país, de nossa cidade...
A primeira loja de móveis - Móveis São João – foi instalada em 1952. O seu João era uma figura conhecidíssima do bairro. Conversávamos com ele quando íamos a Biblioteca. A loja funcionou por diversas décadas no mesmo endereço.
Guaianases tem sua importância literária, por anos existiu o Espaço Cultural onde aconteciam saraus e encontros de jovens. Era um espaço improvisado que beirava a linha do trem e ali os jovens vivam seus momentos de cultura. Antes disto, morou no bairro a poetisa Francisca Júlia, mas já falei dela aqui na Revista Biografia em outra oportunidade. Com a presença dela no bairro, ele foi muito visitado por diversos escritores e poetas contemporâneos desta escritora maravilhosa, que foi esquecida devida da ignorância da maioria das pessoas que acreditavam que ela se suicidou e, também, pelo grande interesse em se manter a poesia como um marco de domínio masculino.
Temos em nossa história outras presenças marcantes e conflitantes. O senhor Jesus Teixeira da Costa e sua esposa são exemplos disso. Ele foi um grande defensor dos interesses do bairro e hoje dá nome há uma praça, ao Hospital Geral do bairro e que, por causa de seu nome, tem muitos admiradores e inimigos, mesmo já estando morto.
Outro grande líder e político de Guaianases foi Saturnino Pereira. Saturnino Pereira foi por anos o mais influente morador da região. Era um homem festeiro e realizava grandes celebrações, inclusive a Festa de Santa Cruz. Nestes dias apareciam pessoas de todos os lugares, algumas vinham a cavalo e acampavam pelo campo junto com seus animais, tudo para participarem desta festa. Havia, como em todas as festas de então, brinquedos de prenda onde as pessoas enfrentavam diversas dificuldades para conseguirem um presente qualquer. A mais famosa desta brincadeiras talvez seja o pau de sebo. Nas festas de Saturnino Pereira o pau de sebo era erguido e as pessoas participavam, animadas, destes folguedos. A festa durava três dias e três noites, tendo Saturnino como principal patrocinador. Ele matava bois de sua Fazenda e oferecia a todos. Era uma festa memorável. Outra festa que Saturnino patrocinava era o Natal. Na véspera ele distribuía, junto com sua família, roupas, sapatos e brinquedos para as crianças carentes da região.
Outro morador ilustre de Guaianases é o escritor e professor universitário José de Souza Martins, que ao longo de sua história jornalística tem publicado crônicas e fatos de nosso Bairro na Folha de São Paulo. Ele é um dos que contam como era de fato os festejos de Saturnino Pereira. Saturnino aproveitava seu prestígio político para conseguir trazer melhorias para o bairro, foi amigo do prefeito Pires do Rio e do governador Carlos de Campos. Como benfeitor do bairro, em 1927, pediu a Antônio José dos Santos que construísse, em seu próprio terreno, um prédio que seria usado como Grupo Escolar. Prédio este que foi alugado pelo governo para uso escolar, como era o projeto, tendo por diretor Arlindo Rodrigues de Oliveira.
Saturnino foi juiz de paz e até delegado de polícia e intermediou muitas conquistas que chegaram até nós, tais como a luz elétrica, a instalação de linha de ônibus e muitas outras benfeitorias.
Em 1950 ele cedeu outro pedaço de terra para a construção de mais uma escola. Foi construído ali uma escola de madeira, onde hoje tem uma escola de alvenaria que leva seu nome, ao lado da Estrada do Iguatemi.
Outro que teve negócios e família em Guaianases foi o empresário da construção civil Vicente Matheus Bathe, mas conhecido por ter sido presidente de um determinado time de futebol de São Paulo, do qual me nego até digitar o nome, como boa palmeirense que sou. Bem, dado sua personalidade divertida e suas tiradas originais e propositais. Todos sabem a quem me refiro e de qual time estou dizendo, acho que até na China, se é que algum chineses se dignam a perder tempo lendo meus textos...
Outra figura peculiar em Guaianases era o vendedor de quebra queixo. A vida inteira eu o vi com aquela bandeja na cabeça tocando seu tamborim e gritando ''Olha o quebra queixo''. Tive a honra de conversar com ele na época do Seminário Guaianases tem solução. Ele apoiou a realização deste Projeto e esteve presentes em todos os dias do evento. Deixando as ruas órfãs de seu delicioso doce enquanto acontecia este evento importante para nosso bairro.
A figura marcante em Guaianases é sem dúvida o Senhor Radiante. João Radiante viveu todos os seus anos em Guaianases e planejava escrever um livro sobre a imigração italiana e sua importância para a formação dos bairros de São Paulo. Ele faleceu em 2008 e não sei se realizou seu antigo sonho. Ele era o contador mais antigo do bairro e até hoje seu escritório de Contabilidade funciona em Goianases. Ele aposentou-se e passou a responsabilidade para um de seus sobrinhos. Ele também foi um dos criadores dos primeiros barzinhos do bairro, o qual deixou de administrar quando se tornou contador.
Uma das Lojas de Variedades mais antiga é o Bazar Xodó. Minha avó nos levava lá, quando éramos pequenos, para comprar desde cotonetes até presentes para noivas. Hoje a Loja é administrada pelos filhos dos antigos donos e tem de tudo, mesmo parecendo pequena. Por falar em Loja, havia uma livraria em Guaianases, era da família Zuppo, a Musical, comprei muita revista, disco e livros lá. Hoje ele tem uma Banca de Revista perto das Lojas Pernambucanas. O senhor Zuppo é uma pessoa agradável, muito educado e sorridente. Fiquei triste quando ele fechou a loja. Outro comércio que marcou época foi o restaurante Piu Bella. Foi a primeira pizzaria que conheci na vida e me divertia indo lá, se não para comer, para conversar com os amigos na Pracinha ali perto. A lanchonete mais antiga, sem dúvida, é a Pastelaria da Estação, levei anos namorando o dia que ia entrar lá e a primeira vez que lá fui, foi com minha amiga e irmã Ivete. Que pastel delicioso!
Guaianases era um bairro simples, com ruas arborizadas, jardins floridos e mulheres a conversar na calçada, hoje é um bairro como outro qualquer, com os mesmos problemas das grandes cidades e que mantêm aceso em si algo bucólico, como se tivesse, ainda, algo bom para acontecer.

Fontes:
Elisabeth Lorena  Alves - Alguém que não gosta de ficar parada, mas que estaciona frente a um bom livro e sonha com as palavras. Posta no Elisabeth Lorena Alves ( www.eliselorena.blogspot.com.br

4 comentários:

Anônimo disse...
Raquel Souza
‎Elisabeth Lorena Alves Pra mim é a Betinha!NOSSA AMEIIIIIII DEMAIS...Conhecer a história de GUAIANASES...MOREI MUITO TEMPO LÁ MAS NÃO CONHECIA A SUA HISTÓRIA!ENFIM É UM BAIRRO QUE EU AMO MUITOOO...POR MAIS QUE O PRECONCEITO SEJA GRANDE CONTRA OS QUE MORAM LÁ...SOMOS PESSOAS FELIZES, POIS É UM BAIRRO QUE CRESCEU MUITO HOJE! NÃO É MAIS PRECISO IR AO CENTRO PRA COMPRAR AS COISAS PODE TER A CERTEZA QUE VC ENCONTRA DE TUDO UM POUCO EM GUAIANASES....AMO ESTE BAIRRO.....
Elisabeth Lorena Alves disse...
Raquel querida
Lindo comentário Raquel Souza Amo nosso bairro querido e estou morrendo de saudades de nossas ruas e dos velhos conhecidos.
Anônimo disse...

Belo texto que me trouxe saudades de um tio muito querido,morava em S.miguel Paulista e nas suas conversas referia-se a vários lugares como Lageado,eu era bem pequena, mas me trouxe a memória suas histórias ricas e engraçadas.Mais uma vez parabéns por compartilhar!!!!!
Dora Rocha
Elisabeth Lorena Alves disse...
Dora Rocha realmente Guaianases e São miguel são bairros irmãos. Oficialmente São Miguel nasceu primeiro, mas nós os moradores sabemos que a caminho do mar, estes bairros surgiram todos na mesma época, eram bairros estalagens, onde os senhores e lordes de SP faziam troca de seus cavalos quando viajavam para Santos e região.
Obrigada pela leitura e comentário>
Gostei de saber que meu bairro povoa suas recordações infantis.

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Gióa Júnior