segunda-feira, janeiro 31, 2011

Gióia Júnior - Mulher na frente do fogão (Voz e texto)


Zenith
Alguns pequenos erros no poema, como podemos verificar no vídeo, segue o poema correto:


Mulher na frente do fogão (Gióia Júnior)

Uma constante chama de gás
aquece a panela que chia na cozinha
enquanto um cheiro forte de tempero
enche a casa -
ela esta na frente do fogão
trincheira de mais de vinte anos
de pé, a espera.

Na frente do fogão enquanto os filhos crescem
vão sendo modelados pela vida e pelo tempo.
Chegam e a beijam na testa
e ela na frente do fogão,
chegam e dizem um "olá" distante
e ela na frente do fogão,
chegam e não dizem nada
e ela na frente do fogão,
porque a chama abraça o fundo da panela
para que a janta fique pronta,
para que eles matem a fome
e cresçam mais e se afastem dela, cada vez mais.
Ali na frente do fogão
o seu rosto outrora liso e jovem
foi sendo curtido
em sal e fogo,
em fumaça e tempo, em sofrimento e espera,
em susto e ingratidão.
E ela, paciente e quieta, em frente do fogão.
Chega o marido,
que o tempo também se incumbiu de transformar
em cansaço e desesperança,
e traz para a cozinha
os problemas da rua,
a insegurança no serviço,
o orçamento estourado,
a fila, a espera, o desconforto, a condução:
e ela na frente do fogão!
Não mais o beijo quente do retorno,
o olhar em festa,
os planos em comum
- um acre silêncio tempera a janta -
uma dura troca de olhares
que já não se perguntam,
porque não há resposta a dar
é o boa noite de sempre
- nas ruas, os amigos no bar bebendo a mesma
dura cachaça e nervosa insatisfação,
em casa, o vazio que os filhos deixam
quando saem a medir a noite com os amigos -
e os coloridos sonhos de novela
e a companhia da televisão.
Eu Te peço por ela
nesta hora em que as sombras
iniciam uma escalada de mais uma noite -
pela sua alegria,
pela sua ilusão-
guarda a mulher na frente do fogão.
Nesta hora marcada
pelo cheiro forte do tempero,
pela chama quase parada do fogão de gás -
enquanto eles não chegam dos caminhos da noite,
dos perigos do trânsito
e do ódio dos homens -
que ela tenha calma,
que ela tenha paz.
Sobre a sua cabeça envelhecida,
estende a TUA poderosa mão.
E que ela possa ter a alegria da vida
na hora do preparo da comida
na frente do fogão.
 





U

Gióia Júnior


PS. Para os admiradores deste magnífico Poeta, mais Vídeos do Youtube na barra do blog.

PS 2. Enfim revisto. Obrigdaa Zenith

Postei por um livro aqui em casa, mas acreditava sim que poderia haver erro, já que existe alguns no Poema O Mártírio de Estevão e O Grilo.
Muio grata pela correção.

Elisabeth Lorena Alves

3 comentários:

  1. Anônimo12:24 PM

    Olá
    Vim ver notícias do Kalebe e saio levando muito mai.
    amo Gióia Júnior também!
    Lica

    ResponderExcluir
  2. Alguns pequenos erros no poema, segue a versão correta:


    Mulher na frente do fogão (Gióia Júnior)

    Uma constante chama de gás
    aquece a panela que chia na cozinha
    enquanto um cheiro forte de tempero
    enche a casa -
    ela esta na frente do fogão
    trincheira de mais de vinte anos
    de pé, a espera.

    Na frente do fogão enquanto os filhos crescem
    vão sendo modelados pela vida e pelo tempo.
    Chegam e a beijam na testa
    e ela na frente do fogão,
    chegam e dizem um "olá" distante
    e ela na frente do fogão,
    chegam e não dizem nada
    e ela na frente do fogão,
    porque a chama abraça o fundo da panela
    para que a janta fique pronta,
    para que eles matem a fome
    e cresçam mais e se afastem dela, cada vez mais.
    Ali na frente do fogão
    o seu rosto outrora liso e jovem
    foi sendo curtido
    em sal e fogo,
    em fumaça e tempo, em sofrimento e espera,
    em susto e ingratidão.
    E ela, paciente e quieta, em frente do fogão.
    Chega o marido,
    que o tempo também se incumbiu de transformar
    em cansaço e desesperança,
    e traz para a cozinha
    os problemas da rua,
    a insegurança no serviço,
    o orçamento estourado,
    a fila, a espera, o desconforto, a condução:
    e ela na frente do fogão!
    Não mais o beijo quente do retorno,
    o olhar em festa,
    os planos em comum
    - um acre silêncio tempera a janta -
    uma dura troca de olhares
    que já não se perguntam,
    porque não há resposta a dar
    é o boa noite de sempre
    - nas ruas, os amigos no bar bebendo a mesma
    dura cachaça e nervosa insatisfação,
    em casa, o vazio que os filhos deixam
    quando saem a medir a noite com os amigos -
    e os coloridos sonhos de novela
    e a companhia da televisão.
    Eu Te peço por ela
    nesta hora em que as sombras
    iniciam uma escalada de mais uma noite -
    pela sua alegria,
    pela sua ilusão-
    guarda a mulher na frente do fogão.
    Nesta hora marcada
    pelo cheiro forte do tempero,
    pela chama quase parada do fogão de gás -
    enquanto eles não chegam dos caminhos da noite,
    dos perigos do trânsito
    e do ódio dos homens -
    que ela tenha calma,
    que ela tenha paz.
    Sobre a sua cabeça envelhecida,
    estende a TUA poderosa mão.
    E que ela possa ter a alegria da vida
    na hora do preparo da comida
    na frente do fogão.

    ResponderExcluir
  3. Alguns pequenos erros no poema, como podemos verificar no vídeo, segue o poema correto:


    Mulher na frente do fogão (Gióia Júnior)

    Uma constante chama de gás
    aquece a panela que chia na cozinha
    enquanto um cheiro forte de tempero
    enche a casa -
    ela esta na frente do fogão
    trincheira de mais de vinte anos
    de pé, a espera.

    Na frente do fogão enquanto os filhos crescem
    vão sendo modelados pela vida e pelo tempo.
    Chegam e a beijam na testa
    e ela na frente do fogão,
    chegam e dizem um "olá" distante
    e ela na frente do fogão,
    chegam e não dizem nada
    e ela na frente do fogão,
    porque a chama abraça o fundo da panela
    para que a janta fique pronta,
    para que eles matem a fome
    e cresçam mais e se afastem dela, cada vez mais.
    Ali na frente do fogão
    o seu rosto outrora liso e jovem
    foi sendo curtido
    em sal e fogo,
    em fumaça e tempo, em sofrimento e espera,
    em susto e ingratidão.
    E ela, paciente e quieta, em frente do fogão.
    Chega o marido,
    que o tempo também se incumbiu de transformar
    em cansaço e desesperança,
    e traz para a cozinha
    os problemas da rua,
    a insegurança no serviço,
    o orçamento estourado,
    a fila, a espera, o desconforto, a condução:
    e ela na frente do fogão!
    Não mais o beijo quente do retorno,
    o olhar em festa,
    os planos em comum
    - um acre silêncio tempera a janta -
    uma dura troca de olhares
    que já não se perguntam,
    porque não há resposta a dar
    é o boa noite de sempre
    - nas ruas, os amigos no bar bebendo a mesma
    dura cachaça e nervosa insatisfação,
    em casa, o vazio que os filhos deixam
    quando saem a medir a noite com os amigos -
    e os coloridos sonhos de novela
    e a companhia da televisão.
    Eu Te peço por ela
    nesta hora em que as sombras
    iniciam uma escalada de mais uma noite -
    pela sua alegria,
    pela sua ilusão-
    guarda a mulher na frente do fogão.
    Nesta hora marcada
    pelo cheiro forte do tempero,
    pela chama quase parada do fogão de gás -
    enquanto eles não chegam dos caminhos da noite,
    dos perigos do trânsito
    e do ódio dos homens -
    que ela tenha calma,
    que ela tenha paz.
    Sobre a sua cabeça envelhecida,
    estende a TUA poderosa mão.
    E que ela possa ter a alegria da vida
    na hora do preparo da comida
    na frente do fogão.

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