sábado, fevereiro 06, 2021

Análise superficial do Conto "Encontro" de Claudia Roberta Angst

 


Hoje posto aqui minha  "resenhota" do Conto "Encontro", da escritora Claudia Roberta Angst, O texto foi escrito para um desafio literário e vocês podem ler aqui. O texto é magnífico, merece uma análise incrível, porém o li e escrevi meus apontamentos por puro prazer.

Aí vai:


O Conto é uma prosa poética. Com final esperado, para quem sabe que no encontro das águas não há união, há só companhia. Entretanto como o fim se dá, é pura perfeição. E sim, comeu jaraqui e ficou aqui, só o corpo seguiu viagem…

Mas falando da prosa e poesia… Que belo o retrato do primeiro ato de amor. Uma mistura de natureza, de sagrado e humano, entrega comparada a caça, entrega, saciedade e prazer, tudo mesclado em poesia. 

A construção textual é voluptuosa, com palavras de significado imediato, mas que criam um campo semântico crível, envolvente. “Bicho acuado; laços sem nós; revoada de anjos; secretos dizeres, silêncio sagrado” são pedras que sedimentam a estrada do texto, tornando-o rico e deleitoso. A jogada com as palavras de sementes, pétalas, raízes e âncoras criam a dualidade de infinito e transitório, afinal, sementes perduram e pétalas morrem, raízes permanecem, âncoras são transitórias... 

E há ainda aquelas sandices que são marcas inerente do primeiro amor: “Linda como nenhuma mulher jamais seria aos meus olhos.”, “eu morreria sem você”, “Dei as costas ao meu pai, ao meu passado como se não houvesse mais um pretérito a preservar.”


Gostei demais da cena do encontro final. A ideia de cortes na narrativa dá a exata dimensão de um filme, com as mudanças de foco necessária para ampliar a visão do espectador que acompanha. Acredito que em cinema essa sequência de eventos presenciados pelo jovem enamorado chama-se plano.  E se dá de forma crível. Primeiro ela, dona de tudo, principalmente do desejo do jovenzinho enamorado, depois o marido, e ainda depois o filho. Acertadamente a jovem não percebe que sua aventura a observa e isso cria, para quem lê a ilusão de que há um plano aberto e o leitor capta tudo. O pai é o elemento surpresa e por um instante é através dele que o Conto se mostra. 

Texto terrivelmente cortante, sem ser frio, sem ser drástico, temos nessa primeira desilusão a passagem do menino a adulto e seu crescimento se firma na percepção que as suas vidas não correm juntas e nem na mesma direção.


Serviço: Texto original:

Encontro (Claudia Roberta Angst)

Site: EntreContos
Peça sua análise Aqui

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