domingo, fevereiro 28, 2021

Um Abraço Especial

 Uma Abraço especial - ou T21, umas notas especiais e como defini meu modo de distribuir resultados de provas



      Olhando na Facebook hoje vi um desabafo de uma mãe de um príncipe com T21 - e como boa professora não vou explicar, pesquise aí ou entenda no contexto. Mas, continuemos…

      O desabafo é bem legal e me levou de volta aos bancos escolares de meus primeiros anos do Ensino Fundamental. Na sala da sétima série tinha uma menina T21, vou preservar seu nome. Ela era esperta e prestativa, mas alguém colocou ela longe de mim na sala e como ela nunca mudou de lugar, nunca chegamos muito perto. Até as primeiras provas ela passou despercebida. Era boa em Matemática, Geografia e História, mas não ia bem em Língua portuguesa. Quando começaram a distribuição das provas e os professores faziam comentários prova por prova, ela erguia e abraçava o colega que tinha tirado nota baixa. Foi assim nas provas bimestrais do primeiro semestre e com os trabalhos de pesquisas. Aqueles que fazíamos lá na Biblioteca Cora Coralina, que era a única do Bairro em nossa época. Aquelas capas lindas de papel sulfite, bem trabalhada, com letras enormes - alguns mais ricos compravam letras vazadas da Compactor! Mas as capas lindas e coloridas não valiam notas. Assim, aparecia um risco vermelho no trabalho lindo dos colegas e a Menina erguia-se e ia abraçar o desiludido da vez.

      No segundo semestre, logo depois das férias, entregamos calhamaços de papel almaço coberto com sulfites bem desenhadas para todos os professores - Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Estudos Sociais, Inglês, Geografia, História, Educação Artística e Artes Musicais - que foram suspensas por Lei neste ano e já não tivemos aula de julho a novembro. Imagine o tanto de pesquisas que fizemos! Bem, o nós coletivo inserido neste verbo fazer é subjetivo e prova disto foi que a Menina passou quase uma semana abraçando a classe, ou melhor quase toda classe. Uns cinco ou seis entregaram tudo corretamente e tiveram boas notas e, entre eles, eu.

       Quem me conhece,  um pouco ao menos, sabe que sempre tirei notas altas, muitas delas suadíssimas até. Andar até a Biblioteca logo cedo, estudar até o meio-dia e subir na tia Wanda e “filar” um almoço praticamente toda a semana não era fácil. E as Enciclopédias Barsas eram pesadíssimas e ninguém podia levá-la em empréstimo sem que um adulto fosse buscar - e pior, nem podia ficar os setes dias, o prazo de empréstimo para elas era de quarenta e oito horas. Só isso justifica metade da sala, porque alguns moravam no Fanganielo, no Morrão e até em Ferraz (de Vasconcelos) , que era outro município e esquece isso de levar livro importante para estes lugares!

      Resumo da ópera, ops, do texto, notas abaixo de Cinco para quase todo mundo. Só que menos para estes que fizeram ou compraram pronto - sim, rolava disso, mas os professores não sabiam porque quando descobriam… Isso já é outra história. 

     Trabalhos entregues e eu fui vendo que a Menina foi se apagando ao final. E me olhava. Sempre fui observadora e lembrei-me que ao final do outro semestre ela já me olhava assim, como se eu tivesse algo de errado e tal. Sei, você dirá que eu era adolescente e não deveria nem notar algo assim, mas notava e não me ressenti, quis pensar no assunto. 

     Eu e minha alma de velho! 

     Como já não tinha minha avó Eulina, comecei pensar como ela resolveria o caso e nada me ocorria. Até que veio a primeira prova. De Língua Portuguesa que, detalhe era uma matéria de três professores - Redação, Literatura e Gramática, logo três provas. Foi dez nas três. Ou melhor: A. Era por letras os valores das avaliações. A para maior nota e F para menor ou incompletas. Uma por uma fui recebendo o prova e sentando, mas eu já não estava alegre, os olhos da Menina me captavam logo. 

    Vieram as outras aulas: Linguagem e Geografia Pensei em algo neste ínterim.  O problema era a professora de “Geo”. 

      Ela não era fácil! Mas era a mais acessível...

      Tempos depois...

      Aula de Geografia rolando, notas de trabalho e  provas sendo entregues e nada de meu nome. os colegas já estavam em crise. Um frenesi tomando conta da sala e a professora calava o burburinho com a ameaça de mudar a nota já! Foi descendo de A para F e eu lá, tomando notas das explicações dadas pela “profe”. Então, depois que trinta e seis notas foram distribuídas a professora diz: “Bem, pelo visto alguém aqui está precisando de ajuda” . Mas a cara dela era de quem diz que precisava de uma surra bem dada e tal. Era a expressão comum que ela fazia para o aluno nota abaixo de F da classe. E completou: “Elisabeth A N, venha aqui.” Sim, ela dizia nome e sobrenome e se você  estivesse em perigo real, dizia antes senhor ou senhora. Dedo erguido, mão na cintura, olhar frio e aquele cabelo loiro natural  balançando como se estivesse ventando dentro da sala de aula. 

     Levantei-me e, confesso, gelei enquanto atravessava a sala entre o susto de alguns verdadeiros colegas e os risos jocosos e até felizes de outros - tudo em murmúrios, ninguém queria me substituir, então as reações eram, na opinião daquele bando de adolescentes, discretas. Recebi a prova e o trabalho, coloquei as notas rosto com rosto, para que ninguém visse minha vergonha e, de cabeça baixa, esperei a crítica, que veio, ácida e quase cruel: “Bonito, hein! Resolveu avacalhar justo com minha matéria!”. Eu calada estava, calada continuei. E  a professora falou sobre os meus acertos anteriores e que era uma vergonha dupla duas notas tão baixas e tal. 

     Quando o chão quase se abria sob meus pés, senti o abraço da Menina. 

       Era quente, protetor, amoroso e cúmplice. Seu cabelinho aloirado caia em minhas lágrimas, que confesso eram reais. Eram lágrimas de vergonha. Vergonha não pelas notas, que eram A e B, vergonha por ferir meus colegas que por mil motivos, alguns justos, não entregavam seu melhor nas atividades. Sim, em meu desespero em querer tanto ser amada e por isso me matar de estudar, acabava ferindo outros. 

      Foi com a Menina que percebi que uma nota ruim de vez em quando não é tão ruim assim. Continuei tirando boas notas, mas arrumei muita confusão com muito professor pedindo para nunca entregar minhas notas com as dos demais feras da sala de aula. E minha professora parou de entregar as notas dessa forma. Daí para diante passou a falar dos erros em geral e dos acertos e, em particular, conversar com os alunos com  piores aproveitamento.

Com a Menina aprendi o valor da empatia na prática. Dali em diante foi que passei a ajudar meus colegas de classe. 


Elisabeth Alves do Nascimento

Manaus, Amazonas, 2021



Fotografias antigas da Biblioteca Municipal Cora Coralina, em Guaianases, São Paulo.
Hoje tem outra fachada, mas clean e tal, mas dá uma saudade desta aí como playground para as crianças das mães que iam lá estudar ou apenas ler...

Esta ao lado, é do primeiro dia de funcionamento da "Corinha", em 1966.

Serviço

Biblioteca Cora Coralina – R. Otelo Augusto Ribeiro, 113, Guaianases. Seg. a sex.: das 9h às 18h. Sáb.: das 9h às 16h.  

sexta-feira, fevereiro 26, 2021

José Luís Mendonça - Escritor Angolano

 José Luís Mendonça

Hoje o papo é rápido e a fonte é o Antonio Miranda.




O tema á Literatura Angolana e o "lupado" de hoje  é o escritor, jornalista, licenciado em Direito e teórico literário de Angola, José Luís Mendonça. Com todo o respeito, o bonito aí da foto. Nasceu em 1955,  Gulungo Alto–Kwanza Norte, no dia 24 de novembro. 

Premiado em diversos nacionais angolanos, tem atividade social junto à UNICEF - Angola. É Membro da União de Escritores Angolanos, faz parte  "novíssima geração". Para alguns teóricos da Literatura Lusófona o escritor apresenta  em sua produção literária toda a situação histórica levando em consideração  as imprecisões do futuro e o enfrentamento com  a morte das utopias vanguardistas que formataram sua geração e mais precisamente o decênio 60/70, além de refletir em sua arte o   desencanto com a realidade e contemporaneidade.

Um pouco de sua Poesia:

OS BATUQUES OLHAM HÁ SILÊNCIO



Nas pálpebras rotas desta noite
os batuques olham Há silêncio
e infância de um anjo onívoro
Há um rio vertical que nos
demarcou dos mares sem itinerário
E um navio negreiro onde içamos
do fundo do ventre a placenta
dimensão do homem a granel

(in Respirar as Mãos na Pedra, UEA. 1988)



Ode à Goiaba
surgindo como um rio amarelo
o perfume delas
rico de sínteses
das madrugadas encerradas
na penugem dos Katetes.

E o sol também

o sol camarada e operário
doirando a cabeça das árvores
quando os montes além
fecundam as ventanias
no sangue maternal das tardes.

Tudo isso é pouco p'ra caber numa goiaba.

Falta o sonho da palma
da mão
no começo da seca estação.

Há mais sobre ele aqui.

Ficha Completa:

Nome Completo: José Luís Mendonça
Género Literário: Poeta
Profissão: Jornalista, ficcionista
Nascimento: 24 de novembro de 1955, Golungo-Alto, Kwanza Norte, Angola


Licenciado em Direito. 
Publica em diversos jornais angolanos, sendo colunista de muitos.

Diretor e Redator Chefe do semanário Cultura- Jornal Angolano de Letras e Artes editado em Luanda Publicou, o seu primeiro livro Chuva Novembrina, em 1981.



Publicações

Chuva Novembrina , edição do INALD, 1981, Luanda.

( Prémio de poesia "Sagrada Esperança")

Gíria de Cacimbo, União de Escritores Angolanos, 1986;

(Prémio Sonangol de Literatura)

Respirar as Mãos na Pedra; União de Escritores Angolanos; 1989,

(Prémio Sonangol de Literatura de 1988)

Quero Acordar a Alva; INALD 1997, (prémio "Sagrada Esperança - 1996"

(ex-aequo com Se a Água Falasse, de João Maimona)

Poemas de amar, 1998

Logaríntimos da alma. 1998

Ngoma do Negro Metal (2000), Edições Chá de Caxinde

Um Canto Para Mussuemba (Abril 2002)

O Reino das Casuarinas (Julho 2014) romance

Luanda Fica Longe e Outras Estórias Austrais (Março 2016)

Angola, Me Diz Ainda (Janeiro 2018)


segunda-feira, fevereiro 22, 2021

Suporte de Aula - Para os alunos do Amazonas

 Material de Apoio para aula do Grupo de Estudos de 2021

Semana 1

Aula 1 - Apresentação e Leitura de Crônica

 - Língua Portuguesa

Olá, sou Elisabeth Alves, professora licenciada de Língua Portuguesa e Literatura em Língua Portuguesa e a partir de hoje vou colocar algumas aulas aqui. 

E logo aqui vai a primeira lição: Não ocorre crase em “a partir” já que, partir é verbo e verbo não aceita crase, são inimigos mortais. Nunca esqueça: Se depois do A tem verbo, não recebe Crase. Na verdade, para ficar mais técnico e bonito dizemos: Se há verbo não ocorre crase


Bem, vamos começar lendo o texto. 

E seja esperto: Não reconheceu uma palavra ou teve dúvida do significado, consulte o Mestre dos Sábios: Dicionário.


Crônica: Fuga

De Fernando Sabino



          Mal colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela sala, fazendo um barulho infernal. 

          ‒ Para com esse barulho, meu filho ‒ falou, sem olhá-lo. 

        Com três anos já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: não estava fazendo barulho, estava só empurrando uma cadeira. 

         ‒ Pois então para de empurrar a cadeira. 

         ‒ Eu vou embora – foi a resposta. 

      Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras, no ato de juntar do chão suas coisinhas, enrolando-as num lenço. Era a sua bagagem: um caminhão de madeira com apenas três rodas, um pedaço de biscoito, uma chave (onde diabo me meteram a chave da despensa? ‒ a mãe mais tarde irá dizer), metade de uma tesourinha enferrujada, sua única arma para a grande aventura, um botão amarrado num barbante. 

       A calma que baixou então na sala era vagamente inquietante. De repente, o pai olhou ao redor e não viu o menino. Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão: 

        ‒ Viu um menino saindo desta casa? ‒ gritou para o operário que descansava do outro lado da rua, sentado no meio-fio. 

          ‒ Saiu agora mesmo com uma trouxinha ‒ informou ele. 

     Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe, caminhando cabisbaixo ao longo do muro. A sua trouxa, arrastada pelo chão, ia deixando pelo caminho alguns de seus pertences: o botão, o pedaço de biscoito e ‒ saíra prevenido ‒ uma pratinha de 1 cruzeiro. Chamou-o, mas ele apertou o passinho, abriu a correr em direção à avenida, como disposto a atirar-se diante do lotação que se aproximava. 

       ‒ Meu filho, cuidado! 

      O lotação deu uma freada brusca, uma guinada para a esquerda, os pneus cantaram no asfalto. O menino, assustado, arrepiou carreira. O pai precipitou-se e o arrebanhou com o braço como a um animalzinho: 

      ‒ Que susto você me passou, meu filho ‒ e apertava-o contra o peito, fora de si.


        ‒ Deixa eu descer, papai. Você está me machucando

      Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe dar umas palmadas: ‒ Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai. 

         ‒ Me larga. Eu quero ir embora. 

         Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala ‒ tendo antes o cuidado de fechar a porta da rua e retirar a chave, como ele fizera com a da despensa. 

          ‒ Fique quietinho aí, está ouvindo? Papai está trabalhando

           ‒ Fico, mas vou empurrar esta cadeira. 

             E o barulho recomeçou.


Estudo do Texto

Diga:
1 - Nome do Texto: __________________________________

2 - Quem escreveu. ___________________________________

3 - Que tipo de texto é:
(   ) anedota - piada, chiste, “trollagem”

(   ) Conto - tem poucos elementos, suspense, final surpreendente

(   ) Crônica - tem poucos personagens, é recorte da realidade, algo contemporâneo do autor ou de sua experiência, pode acontecer com qualquer um


4 - Você Gostou? 

(   ) sim

(   ) não

 5 - Justifique sua opinião.

6 - Quais as palavras você não conhece no texto? Crie um Glossário e coloque seus significados.


Vamos falar sobre a  nossa Língua?

O português é a língua materna de quase todos os brasileiros, tirando as comunidades surdas e alguns descendentes de outros povos. Sim, você não pode esquecer que a Língua de Sinais da comunidade tem corpo linguístico igual ao português e para eles geralmente é a primeira, pois foi através dela que eles criaram contato com o mundo. 

Estudo da Gramática

Sabe o que é Grafema e Fonema.
É fácil. O caderno de CaliGRAFIA é bom para fazer com que a letra fique bonita, logo, Grafema é a letra.

E Fonema? Bem, é fácil também. Separe a palavra em duas partes, separando o Fone de Ma e leia. Pense com que se parece este fragmento de palavra. Como você abrevia o nome daquilo que usa para ouvir o som no celular? Sim, o microfone? Exatamente! Fone é referente ao som. Logo, fonema é o som do grafema.

Então que tal contar Fonemas?

Vamos trabalhar com o verbo caçar e o substantivo masculino Assobio.

Caçar = 5 letras, (  grafemas, unidades gráficas)

K/a/s/a/r

(5 Fonemas)

Assobio = 7 letras

/a/s/o/b/i/o/ = 6 Fonemas

H no início de algumas palavras não tem som, logo não é fonema:

Hélice, Horta, Harpa...

(/e/l/i/s/e - /o/r/t/a/ - /a/r/p/a/)


Atividades

1 - Retire do texto palavras que tenham mais letras (grafemas) que fonemas

Ex: Som = S/õ 


2 - Retire do texto palavras que tenham mais Fonemas que grafemas. 

Ex: Táxi =   t/a/k/s/i


Para guardar: A Língua Portuguesa tem 12 fonemas vocálicos e 19 fonemas consonantais,



Aí vai um esquema gráfico para vocês guardarem.


 Fonemas Vocais

Fonemas Vocais

Representação

Exemplo

/a/

A

Aula

/e/

E

Elisabeth

/é/

É ou E (grave sem acento)

régua, berro

/i/

I

impala

/o/

O

outro

/ó/

Ó  ou O (grave, sem acento)

Rabicó, orca 

/u/

U

Urro






 Fonemas Vocais Nasais


Fonemas Vocais Nasais

Representação

Exemplo

/ã/

Ã

/ã/

AM

bambu

/ã/

AN

manga

/ẽ/

EM

mambembe

/

EN

pente

/ĩ/

IM

sim

/ĩ/

IN

quinto

/õ/

Õ

limões

/õ/

OM

som

/õ/

ON

lontra

/ũ/

UM

zumba

/ũ/

UN

tonta


Fonemas Consonantais


Fonema

Representação

Exemplo 

/b/

B

Bala

/p/

P

Pala

/nh/

NH

Nhoque

/n/

N

Nata

/m/

M

Mata

/v/

V

Vala

/f/

F

Fala

/t/

T

Toca

/d/

D

Cauda

/r/

R

Dora

/l/

L

Lota

/lh/

LH

Lhanura

(cordialidade)


Excessões Fonêmicas



Fonema

Representação

Exemplo

/z/

Z

Zodíaco

/z/

X

Exame

/z/

S

Rosa 

/rr/

R

Rua

/rr/

RR

Serra

/s/

S

Sapo

/s/

SS

Assobio

/s/

Desça

/s/

SC

Cresce

/s/

XC

Exceto

/s/

X

Explicar

/s/

C

Cida

/s/

Ç

Taça 

/j/

J

Jeca

/j/

G

Girassol

/x/

CH

Chove

/x/

X

Xadrez

/g/

GU

Gude 

/g/

G

Gado

/q/

QU

Queijo

/q/

Q

Cutelo


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Boa aula

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