sábado, março 30, 2019

Linguagem - Eu sou Paulista de todo o Brasil

Refletindo sobre Linguagem e Língua... Sou um ser multidialetos... Sinestesia pura, palavra e gestos...
Coisa de Paulista, creio eu...
Acho que pegamos as boas qualidades e as nem tão boas assim das diversas nações que habitam São Paulo.
Nação interna, irmãos de Sangue e de Linguagem que saem de seus Estados para construírem suas vidas e nos ajudarem na construção de nosso Estado e Nações Externas, que trazem consigo suas marcas, sua culinária, suas conversas com os olhos, com as mãos, seus exageros de comunicação.
Sempre vejo em mim uma italiana que não sou, quando falo com as mãos e exagero um assunto. Até assusto... Então a mineira que habita aqui acode com o cuidado, com a gentileza: Eita, não é para tanto!
Sempre me vejo Japonesa quando falo exageradamente algo que a pessoa com certeza nem sabe de que se trata(como se outra Língua fosse) e ainda fico indignada com a falta de compreensão do outro. Então a Baiana que habita em mim, pergunta-me, cinicamente irônica: "Desceu do salto, "Fulô"?
E quando sou árabe? Quando a pessoa elogia, mas elogia tão exageradamente algo que tenho e gosto e, "para não ficar feio" acabo abrindo mão daquilo que às vezes amo. Então a paulistana que habita em mim sussurra: "Ei, "meu", quer tirar nossa fama de Egoísta na marra é?
E por aí vai, para cada raça exterior que em mim habita, há também dentro de mim um outro brasileiro que a acolhe, condena ou reprime...
E eu, como boa Paulista que sou, como boa ZL e ZSul que sou, me orgulho de ser essa pessoa miscigenada que anda pelo Brasil assustando os outros brasileiros.
Jane Uchôa, Eddye Lindo Uchôa e Thais Waughan que o digam!
Conviver comigo ou com qualquer paulista é conviver com toda a bagagem cultural que esse ser absorve, ou, como diria um bom paulistano:
- Viver com paulista é  Insano "mein".
Beijos e fui...
Filosofia da Linguagem me aguarde e não é "suave".

sexta-feira, março 29, 2019

Novidades Literarias: Saturnino Valladares e Jose Angel Valente

Jose Angel Valente
A noite de quinta-feira, vinte e oito de março, foi de Poesia, Papo e Café. E claro, dia de ganhar livro de minha amiga Leide. 
A poesia entrou na minha quinta-feira por um convite dessa amiga para irmos à um lançamento de Livro no Amazonas Shopping. E vocês sabem que em livro eu me amarro.
E fomos lá, porque convite assim não se rejeita. 
E ir ao lançamento foi ter acesso ao que por aqui se chama a fina flor da Literatura. Conversei com o doce  Tenório Telles, escritor, editor  espevialista na Literatura Machadiana. Claro quee fiquei me devendo uma visita ao seus encontro sobre Machado de Assis. Dizem por aí que quem o ouve dissecando autor e obra, mesmo que odeie Casmurro, acaba apaixonado. E eu que sou apaixonada por Machado estou muito interessada.
Tenório Telles, Saturnino Valladares ao centro,
Dori Carvalho
As poesias foram declamadas em espanhol pelo simpático Saturnino Valladares e traduzidas pelo escritor Dori Carvalho, a segunda voz mais bonita do Brasil, segundo o tradutor de Valente. Na opinião dele a primeira  é de Caetano. Perdoei, claro, eu sei que ele desconhece o Sérgio Bocca - ninguém é perfeito. 
A propósito, gosto também da voz do Dori Carvalho, mas, pouco prestei atenção, me atentei no espanhol - sou apaixonada na entonação! 
Matei um pouco da saudade do Latim, abraçando minha professora de Gramatica Latina, a queridíssima Heloísa. Conversamos "um cadinho" enquanto espéravamos nossa vez de autografarmos nossos exemplares de "Não Amanhece o Cantor. Detalhe:

A decicatória do meu livro veio na Lingua de Cervantes. Adorei.
Brinquei, falando sério no Facebook, que para mim as definições de noite proveitosa tinham sido atualizadas ontem. 
Papo, além do rapidinho com Tenório Telles, que prometeu uma entrevista para esse humilde Blog, com a "profe" mais leide da Ufam, com outros colegas de Letras e Literatura. Seguimos para um café, para um delicioso cappuccino brasileiro. Claro, nosso assunto foi sobre o Encontro de Poesia com Leidenice Cunha Pereira. Porque, para mim, Literatura que não se conversa não é cultura... E nós gostamos mesmo é de trocar ideias!
E se é para falar da vida dos outros, que seja de nossos autores preferidos e dos recém conquistados!
E para mim, foi uma nova conquista. Saí de lá com meu exemplar de "Não amanhece o Cantor" e algumas novas indicações de Leitura. 
A propósito, estou lendo Niebla, de Miguel Unamuno. Quem sabe role uma resenha por aqui...
Para resumir ou voltar ao tema,  conhecer Jose Angel Valente pela voz de Saturnino Valladares foi explêndido!
Leitura que indico com prazer!
Até a próxima...


Serviço:
Livro: Não Amanhece o Cantor
Bilingue
Autor: José Angel Valente
Tradução: Saturnino Valladares
Editora Valer 
Para você que está em Manaus, tem na Livraria Leitura
(Que a propósito, não é como eu imaginava... Mas, talvez eu seja exigente demais... brincadeirinha... ou não)

PS. Fico, por agora, devendo uma foto do tradutor...

terça-feira, março 26, 2019

Eloi Alves conta como é sua escrita

O escritor, editor, diretor presidente do Instituto Letrófilo, Eloi Alves, concedeu uma entrevista para o site Como eu escrevo, do brasiliense José Nunes. 
Elói Alves  é um paulista, da Zona Leste, professor apaixonado pela Literatura, formado pela USP, tem uma escrita fluente, limpa, personagens divertido.
Um desses personagens, o Tio Gerbúlio, já virou até boneco.  Uma relíquia que acompanha o livro que conta as aventuras do tio diferente - Historias do Tio Gerbúlio (Essencial, 2016) .
Além de Gerbúlio e suas estrepulias, o autor escreveu As Pílulas do Santo Cristo (Linear, 2012); O Olhar de Lanceta, coletânea de estudos literários de leitura fácil, quase digestiva (APMC/2015); Sob o Céu Cincento (2014), livro de Poesia, e, Contos Humanos (Linear, 2013).
A entrevista consiste em perguntas precisas, muito iguais aos dos demais convidados.
O que difere  mesmo são as respostas. No caso do entrevistado em questão, é quase prosaíca, mas, pode, com certeza, ser encarada como algo especial. As respostas mostram um pouco do que é esse escritor que divide o trabalho como professor com sua condiçào de discente de Direito, uma paixão que surgiu através do contato do fazer literário e da aproximação com juristas, amigos que o apoiam e torcem por sua Escrita.
Interessado? Que tal dar um pulinho no Como eu escrevo e ficar inteirado de como nosso amigo escreve.
Em tempo... Elói Alves é o organizador do Livro Contos Paulistanos, do qual tenho orgulho de dizer que faço parte com um texto sobre São Paulo.
Até mais!

Por Elisabeth Lorena Alves


terça-feira, março 12, 2019

Zeca-dama, de Erasmo Linhares

Zeca-Dama – Erasmo Linhares


                   Não, senhor, desarme essa cara de malícia. Não é nada do que o senhor está pensando. Sou macho e muito macho. Até hoje o cabra que duvidou disso, levou o troco certo na hora. Mas lhe digo que já fui dama afamada. Melhor do que muita mulher de hoje. 

Quando cheguei nas brenhas do Ipixuna, mulher que é bom não havia. Tudo era homem, só homem. A maioria cearense como eu e como eu vieram na ilusão de enricar com a borracha — aquela enganação toda que andaram espalhando lá pelo Nordeste. Vinham como boi, amontoados no porão e no convés dos navios, largando pra trás a terra, lavoura, casa, mulher e filhos. Comigo foi um pouco diferente. Não escondo que tinha lá meus desejos de encher os bolsos de muitos contos de réis e um dia voltar pro meu sertão e fartar de comida a mulher e a filharada. Desculpe se estes olhos depois de velhos deram pra chorar, mas aqui no fundo do peito ainda dói uma querença. Eu conto continuado. De veras eu vim mesmo foi fugido. Lá no sertão onde eu morava, por causa de umas terrinhas mixes, destripei um cabra safado na ponta da peixeira e quando a polícia deu vau, embarquei no Baependi junto com um magote de outros homens, a maior parte, como eu, com alguma morte nas costas. Um horror, meu senhor, uma coisa muito triste de ser lembrada. 

Em Manaus jogaram a gente numa tal de Hospedaria de Flores. Todo mundo espremido nuns quartinhos. Tinha dez onde só podia caber cinco. De tanta gente, nunca faltava uma fila enorme às portas das privadas, principalmente porque a gente desacostumada do pirarucu e da farinha d’água que se comia todo santo dia, andava quase sempre com desmancho. Um desespero, pode crer. Tinha gente que não aguentava na espera e fazia a coisa ali pelas redondezas, atrás das cercas, nuns matinhos que cresciam ao redor, e, por isso, o ar vivia empestado. Depois de uns dois meses separaram a gente em lotes e mandaram uns pra cá, outros pr’ali. A mim me mandaram pro Ipixuna, nas brenhas onde não morava quase ninguém. Não reclamei nem pechinchei. Quanto mais longe melhor. De perto, um perto muito longe, só Eirunepé de um lado e Cruzeiro do outro. Cheguei num dia e no outro me mandaram pro centro, com o Dorca — um cabra nascido por aqui mesmo, meio gente, meio índio, mas um camaradão. Duro, meu senhor, duro foi acostumar naquele mundão de mato vazio de gente e com a doideira daquele trabalho de escravo. Acordar antes do sol e sair pelo mato raspando casca de seringueira, pendurando tijelinha, comer só por comer, enganando estômago com ipadu, e depois voltar pelo mesmo caminho, recolhendo o leite, correr para a barraca e começar a defumação. Os seringueiros antigos se riam da gente, da nossa falta de jeito. Conto sem ter vergonha – muitas vezes chorei, escondido do Dorca, e amaldiçoei o dia que deixei a minha terra. Mas tudo no começo é assim mesmo. Não há nada de tão ruim que a gente não se acostume. E eu e os outros – os brabos, como a gente era chamado -, acabamos nos acostumando. A vida no seringal não é sopa, mas também tem os seus momentos. 

Tinha o sábado. O sábado, meu senhor, era o nosso dia. Quando a gente voltava do barracão do gerente, tratava logo de descarregar o rancho, tomar banho e num instante estava na canoa, vestido de limpo, chapéu, todo emperiquitado, e toca a remar para casa de Mestre Felisberto. Era a festa, a festa que a gente esperava toda a semana, num desassossego. Tinha música, sim: a rabeca de Mestre Felisberto, o banjo do Curica e mais o Zé Preto batendo o compasso com duas colheres enganchadas nos dedos. Mas, como eu já lhe falei, mulher que é bom não havia. Por isso dançava homem com homem e foi aí que eu ganhei fama. Experimentei a primeira vez só pra dar gosto ao Dorca, companheirão que me ensinou a cortar seringa, com paciência de santo. E quando começamos a dançar, os outros foram parando abestados, olhando nós dois saracoteando pela sala. Desde aquela noite fiz nome e renome. Não me lembro mais quem inventou a moda, mas os homens que dançavam como dama amarravam um pano na cabeça, para diferençar dos outros. Um dia, um sujeito quizilento chamado Procópio, entendeu que a gente tinha de pintar os beiços com urucu e de vestir maria mijona. Pra dar mais sensação, como ele disse. Só não matei o filho duma égua na horinha, porque os outros não deixaram. Mas nunca mais dancei com aquele corno. Depois eu mesmo inventei de calçar sapatos tênis para dar mais leveza nos pés. Sim, lhe digo, havia outros homens que também dançavam como dama, mas nenhum como eu. Tanto que uma vez houve uma briga de dois cabras por causa de mim. Foi preciso eu arriar as calças e mostrar os possuídos e gritar que eu era homem e muito do seu macho e não ia permitir que dois safados brigassem com ciúme de mim, como se eu fosse mulher ou foboca, que Deus me livre e guarde. Mesmo assim eu não chegava pra quem queria. Tinha noite de gastar quase toda a sola do meu tênis de tanto arrastar os pés no chão de terra. Uma coisa de doido. Só parava pra tomar uns goles de cachaça e assim mesmo aqueles cabras ficavam todos me cercando e de olho vivo pra me pegar primeiro. Não, não ria, homem fazer vez de dama não é coisa pra qualquer um. Desculpe que eu lhe diga, mas é preciso muita arte. Tem que ter o corpo leve e os pés ligeiros, molejo na cintura, balanço de perna e sentido calculado. Tem de ser uma pluma e adivinhar de véspera o movimento do cavalheiro. Ainda hoje, por todas estas bandas, ainda me conhecem como Zeca-Dama. Já lhe pedi, não faça cara de malícia. Agora eu sou um velho, mas ainda sei tirar desforra. Ninguém nunca duvidou da minha macheza, porque todo mundo sabe que eu, com uma faca na mão, sou o próprio capeta. Hoje mora muita gente por essas beiras e tem muita mulher. Nas festas, às vezes, tem mesmo mais mulher do que homem. Mas nenhuma dança como eu, naqueles tempos. Se não fosse o diabo do reumatismo que me amolenga as pernas e me endureceu as cadeiras, eu era capaz de lhe mostrar. Dou-lhe minha palavra. Pergunte ao Dorca, ele mora ali no primeiro sítio à esquerda, descendo o rio. O Dorca não me deixa mentir. Boa noite, passe bem.

domingo, março 10, 2019

Um novo Bras Cubas, será?

Vocês sabem que esse tema de Morte na Literatura é meio que minha praia, mas, o texto que vou indicar não é meu.
Bem, vou ao início...
É minha pequena Resenha e é a primeira dos textos que estou lendo para o Desafio do site Entre Contos.
Confesso, que para expor minha opinião me obriguei a ler os textos do meu grupo de leitura  umas 3 vezes cada, porém, teve alguns que foram 5 leituras.
Entretanto, um passou despercebido. Despercebido no sentido exato - não vi e,figurado, não percebi a grandiosidade do Conto.
Para resumir, o conto fala  do escritor morto que está morto e não está morto, que está morto e não está morto... Ou seja, em sua narrativa, usa das idas e vindas para criar o suspense.
Como uma das regras do desafio é o anonimato, não sei quem escreveu. Obviamente. Entretanto, assumindo aqui minha profissão de editora e meu pitaco de leitora, aconselho ao autor: Amplie o texto, transforme-o em Romance. E uma pena ele ficar apenas como Conto. Ele é perfeito. Sugestivo, implicante, surpreendente.
Eu diminuiria as referências diretas - intertextualizando sim, mas, sem citar Machado e Saramago, preferiria que dissesse mais dos personagens e enredos, evitando mencionar diretamente os autores - isso se a ideia de transformar o Conto em  Romance vingar.
Ler é uma forma de iluminar
a alma!
Elisabeth Lorena Alves

Para o Conto, como se apresenta,  está perfeito. Porém, como disse, eu, só que não sou a autora. E, mais, é um pouquinho de pretensão de minha parte achar que o autor virá aqui ler e comentar minha resenhazinha frouxa.
No mais, Parabéns ao autor, que propositalmente ou não, usou como pseudônimo a alcunha de Bras Cubas!
Corre lá, lê e, se ficar com vontade, comenta.
Abraços e linda semana.

Serviço:
Desafio Entre Contos 2019
Texto sugerido: O dia em que Acordei Morto - Bras Cubas

sexta-feira, março 01, 2019

Homem dança com homem, sim!

Nos últimos dias a questão no FoiceBook é o povo discutindo se homem dança com homem. Assunto para dar ibope para o ira-twitter, criando assim tópicos famosos. O povo perdeu o respeito por si em nome do "ter opinião" e achar que subir "top trends" é ter pensamento crítico.
Não há pensamento crítico quando você expõe sua opinião sem conhecer a causa, sem ter domínio sobre o assunto. E, para mim, esses assuntos famosos são iguais aquelas discussões chatíssimas da Faculdade, em que os envolvidos liam o resumo da sinopse do livro e depois elaboravam uma defesa indefensável de sua brutal superficialidade sobre o tema que deveria ser abordado.
Assim chegamos ou voltamos ao ponto em questão: homem dança com homem?
Como se deu o início da história do teatro?
Mulher não podia interpretar, mas, todo romance antigo tem um casal e era um homem que fazia o papel da dama. E dançavam, trocavam carícias e representavam tudo o que era normal em uma relação e que podia ser representado.

Se você realmente lesse saberia que homem dança com homem sem deixar de ser homem; que homem dança com homem sem ser tão homem assim...
Povo chato!
Tem gente que acha que foi ele quem descobriu a homossexualidade!
Um dos únicos lugares em que homem não dança com homem e nem mulher com mulher é na música do Tim Maia.
Na Literatura Brasileira tem muito homem dançando com homem. Na História do Brasil também. Ou você acha que no garimpo não tinha diversão? Imagine a solidão pós "descobrimento" sem uma dança. Já pensou o povo atravessando o Brasil para vir "colher" borracha e aguentar a vida sem uma dança sequer nos seringais?
Dança é diversão! Dança é vida!
E Erasmo Linhares! E viva o Zeca-Dama!

IP Casa de Oração - Rua Moreira Neto, 283 - Guaianases - São Paulo

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Gióa Júnior