sábado, abril 25, 2020

Mulher-Dama, texto de Regina Ruth Rincon Caires



Olá. Vim aqui rapidinho para contar-lhes de um texto que li no Entrecontos esses dias, "Mulher-Dama", a autora ao inseri-lo no Desafio Envelhecer usou por pseudônimo o nome Guadalupe e, quando li, lembrei-me de Marcos Rey, Marianinho e Lu. Não, não é uma Fanfic. É texto próprio da autora, Regina Ruth Rincon Caires

Uma história maravilhosa, triste, rica de crítica sutil. A narrativa é cativante e vai levando o leitor de forma coercitiva e tentando convencê-lo de seu ponto de vista, que na verdade é só uma narração dos fatos e, no entanto, parece algo mais. Você precisa ler. 

Durante a leitura eu imaginava a Bruna Lombardi, travestida de Lu, contando-nos o fato. Sabe, aqueles lábios vermelhos, pintados com extremo cuidado, deixando a voz sair doce e aveludada, serpenteando no ar e indo aos nossos ouvidos. 

A crítica fica bem marcada na posição das pessoas em relação aos atos da personagem principal. Os atos que nos homens são aceitos, na mulher passam claro, como se ela não pudesse ser humana e tal. A violência que a personagem sofre é invisível, o amor que ela tem é o seu defeito, como se o marido violento fosse santo só porque não traiu - ou porque seus erros não vieram a público na pele dos filhos. 

Mais não conto, deixo por conta de sua curiosidade e leitura. 

Corram lá e leiam. Texto excelente. 

Abraços e fui.



quinta-feira, abril 09, 2020

Um pouco sobre Literatura Amazonense

Amazonas tem Poesia e das boas.
Bem, eu sou muito suspeita para defender esse ponto de vista já que sou apaixonada pela Literatura Amazonense, porém, posso defender minha paixão. E minha paixão por Literatura e pelo Amazonas é fácil de apresentar ao mundo. Thiago de Mello é um bom caminho, sem ser o único, de mostrar a riqueza literária desse grande Estado.
Sua Poesia é viva e  forte, cheia de força e sempre tem algo mais para nos ensinar.
Hoje escolhi uma das mais belas e até conhecidas: "Para os que virão".

𝕻𝖆𝖗𝖆 𝖔𝖘 𝖖𝖚𝖊 𝖛𝖎𝖗ã𝖔
Thiago de Mello
#LiteraturaAmazonense
Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular – foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
– muito mais sofridamente –
na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
( Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros. )
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.

quarta-feira, abril 08, 2020

Poesia Feminina - Vozes esquecidas

Poesia Feminina

Ibrantina Cardona

Vozes esquecidas. 

Diferentes de silenciadas, há vozes que foram sendo deixadas fora das discussões modernas. Nem mesmo o Feminismo fala sobre algumas mulheres artistas. Principalmente as escritoras. Pensei em de vez em quando falar delas aqui. Se bem que já falei de Francisca Júlia aqui no Blog e na Revista Biografia, quando colaborava com eles. E você  pode ler quando quiser.
Hoje falo rapidamente de Ibrantina Cardona. Uma mulher que venceu a invisibilidade e as implicâncias sociais e a própria imprensa que a classificava como alguém que, escrevia alguma coisa, como se sua Poesia fosse obra da futilidade da esposa do Jornalista e empresário de tipografia, Francisco Cardona. Sua obra literária e seu trabalho em Revistas eram constantemente relevados. Entretanto Ibrantina não era mulher chegada aos afazeres domésticos, viva mais pela leitura e edição de revistas e livros.
Antonio Arruda Dantas fez extensa pesquisa sobre ela e lançou até um livro sobre a escritora, lançado pela Editora Pannartz. Livro que infelizmente está em falta no Mercado Editorial.
Bem, vamos ver sua Poesia:

Sub umbra


(À memória de minha mãe)
E morre tudo assim, ao sopro de um momento,
Na sombra glacial dos tristes desenganos...
A crença, as illusões, o amor, o sentimento,
E tudo que ennobrece a nós, frágeis humanos.

A lucta, sempre a lucta! E ao peso de alguns annos
De tanto amargo estudo, esvae-se-nos o alento...
E frívola Sciencia, à sombra dos arcanos,
De duvida complica o nosso pensamento.

No curso da existência ephemera, illusoria,
Augmenta-se, ó loucura! O inferno do supplicio,
Buscando dia a dia um átomo de gloria.

Depois, quando a materia, ao fundo precipício
Do Nada, tomba emfim, apenas a memória
Nos lembra desta vida o inutil sacrifício!


Em: Senhorita, anno 1,n.5, 1920?

IP Casa de Oração - Rua Moreira Neto, 283 - Guaianases - São Paulo

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Gióa Júnior