Simbolismo e o Negro
Foto de sua formatura |
O poeta teve uma breve vida, afinal Pedro Kilkerry viveu exatos 32 anos (25 de março de 1885 25 de março de 1917), morrendo de uma traqueostomia de emergência, depois de uma vida de pobre, boêmio, tuberculoso. Mas suas dores e não apagam sua escrita e postura de magnífico poeta.
Para quem curte falar sobre Literatura Marginal, ele foi um de seus maiores vultos já que sua obra considerada como uma representante radical e moderna da Poesia Simbolista brasileira tinha na época a vantagem da marginalidade frente à elite baiana de fins do século XIX, isso, obviamente por sua condição de mestiço. Ele estudou Direito na Bahia e apesar de exercer o jornalismo e ter uma vida intelectual agitada, nunca editou um livro.
O pouco que chegava a público era em revistas da época e, anos depois, seus poemas e manuscritos foram reunidos por Augusto de Campos, que em 1970 lançou o livro Revisão de Kilkerry e o resgatou para a crítica, atrasada em 50 anos. Pois até mesmo quando Pedro Kilkerry usa formas mais convencionais, sua articulação e sua palavra fogem do estipulado. Sua escrita prefigura o Modernismo e, nas quadras intituladas Evoé, 1910 florescem a coloquialidade de forma brilhante.
Outro Poema seu "O verme e a estrela", virou música na voz de Adriana Calcanhotto. Pedro Kilkerry, nasceu em Santo Antônio de Jesus, Bahia, em 1885 como Pedro Militão dos Santos Kuilkuery .
Ascendência direta e seu reflexo em sua escrita:
Como alguns jovens de sua época, Pedro Kilkerry tinha proficiência em francês, inglês, italiano, espanhol, alemão, latim, grego e mesmo já adoentado, aprendia árabe nos seus últimos dias. Seu amigo e também escritor Jackson de Figueiredo, declara que ele era um leitor apaixonado. Entre suas leituras estava Homero, Dante, Shakespeare, Milton, Wordsworth, Sterne, Nietzsche, Emerson, Poe, Baudelaire, Verlaine, Mallarmé, Rimbaud, Laforgue, Corbière, Villiers de L’Isle Adam, Maupassant, Flaubert. E essas leituras fazia com que ele fosse um intelectual bem informado no que tange às novidades literárias europeias. Mesmo que tenha se tornado um poeta brasileiro anônimo, sua importância como estudioso e homem muito interessado nas formas da poética canônica europeia o coloca em vantagem em relação aos outros poetas de seu tempo. É justamente seu estudo constante que o coloca como um vanguardista do Modernismo que só se efetivou no Brasil na Semana de 22, portanto, 5 anos de sua partida precoce.
Deixo-vos 2 poemas para que o conheça.
Abraços e fui
Pedro Kilkerry: O Verme e a Estrela
Agora sabes que sou verme.
Agora, sei da tua luz.
Se não notei minha epiderme...
É, nunca estrela eu te supus.
Mas, se cantar pudesse um verme,
eu cantaria a tua luz!
E eras assim... Por que não deste
um raio, brando, ao teu viver?
Não te lembrava. Azul-celeste
o céu, talvez, não pôde ser...
Mas, ora! Enfim, por que não deste
somente um raio ao teu viver?
Olho, examino-me a epiderme,
olho e não vejo a tua luz!
Vamos que sou, talvez, um verme...
Estrela nunca eu te supus!
Olho, examino-me a epiderme...
Ceguei! Ceguei da tua luz?
Cultura FM, programa "Pedro Kilkerry: O Verme e a Estrela"
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