domingo, dezembro 13, 2015

Pretensão Crítica - Sobre A Floresta de Jonathas

A Floresta de Jonathas
(Se ainda não assistiu, NÃO Leia)




Fui assistir A Floresta de Jonathas sem ao menos saber que era esse filme. Estávamos com a Primeira Mostra de Cinema Amazonense acontecendo por aqui e não pude deixar de acompanhar meu sobrinho, ator iniciante e cinéfilo mais que apaixonado por esta Arte deliciosa. Ainda bem que não tinha lido nenhuma crítica antes, embora tivesse visto pelo Facebook algo sobre, quando das filmagens.
É válido lembrar, para quem não acredita que alguém possa se perder em uma Floresta, que embora não seja um relato fidedigno de uma história real, o caso realmente aconteceu anos antes de eu chegar em Manaus. Então, para os críticos meia boca que dizem que é impossível perder-se na Floresta, este já é um cala-te válido.
Primeiro gostaria de lembrar que a Floresta onde o fato se dá, não é a Floresta da Tijuca com seus 3 972 hectares, a Floresta Amazônica, ou melhor as florestas amazônicas, são enormes e fechadas. Perder-se é algo possível. As pessoas da cidade não aceitam isso por desconhecimento do poder e da grandiosidade da Floresta. Acostumados com placas e semáforos parecem acreditar que há por lá os mesmos artifícios, mas não há e pronto. E isso é uma abordagem válida no filme. Mesmo tentando orientar-se, quando constata sua situação, Jonathas não consegue ter sucesso em sua busca pela saída. O Meio Ambiente o envolve cada passo mais.
O Filme não é uma Aventura e não tem pretensões de ser de Ação, pelo contrário, traduz significativamente a vida de quem sobrevive da Floresta mas não sobrevive à ela. Cada nuance, cada construção, cada mito hipotético criado pelo texto mostra a riqueza que há na mente do povo da Floresta - seja indígena ou não. As crendices populares e o apego a Fé são abordados de forma nada sutil, mas este misticismo religioso que é transmitido pelas situações diversas do Texto são características do povo brasileiro como um todo e não apenas dos  povos amazônicos, o que transforma o filme em uma espécie de retrato de um povo em geral e não a personificação regional apenas. .
A fotografia é deliciosa, justamente porque não é fixa, ela transmite uma realidade tão viva que em vários momentos nos sentimos perdidos junto com o protagonista. Os diálogos são familiares e neles, quando a câmara escapa dos atores, dá-nos a sensação de também estarmos em cena, metidos por algum acortinado ou por trás de uma parede ou porta.  E particularmente, gosto disso, desse sensação de estar por perto, de ser absorvida pelo que assisto.
O filme tem tendências realistas, trabalha com características e com a verdade, o que pode assustar quem está esperando as saídas mágicas das telenovelas - se bem que nem sei se estas hoje usam algumas, não as assisto. Os sons são perfeitos e ambientam tanto os personagens quanto as percepções. Há momentos de puro êxtase quando o personagem principal vira-se, acompanhando os sons da Natureza e quando  assusta-se com as sombras da Natureza. Gosto da ideia de não sabermos ao certo quantos dias ele está perdido, pois isso deixa as alucinações mais reais. E a caracterização/Maquiagem torna verossímil a situação dado o avançado processo de dilaceração da pele por causa  da exposição ao sol e as diversas intempéries da floresta.  A cena do ente da Floresta alimentando Jonathas é maravilhosa…

Gostei muito dos  atores, a  cena da busca de sinal do celular pela Floresta pode parecer surreal, mas é fato por aqui. Constatável até dentro da Universidade, que nem dentro de fato da Floresta é e quase nunca temos sinal em nossos celulares… O Banho de Abacate é uma miscelânea de sentimentos, divertido e tenso, pois se sabe o tempo todo como está o jovem perdido… As desobediências de Juliano aproxima o público, pois ou se é jovem ou já se foi, sabemos que determinadas prisões nos angustiam… E mesmo o desconforto de Jonathas com a desobediência do irmão e sua revolta na Barraca de frutas, nos mostra que ele é um ser em ebulição, não aceita ser limitado, embora  esteja pelas circunstâncias e fundamentam sua futura decisão de sair atrás da tal fruta que dá coragem as mulheres… Coragem que Milli já tinha...

Para mim, que não sou crítica de Cinema, não pretendo destruir a reputação de nenhum dos envolvidos na Produção e  sei pouco de Cinema, o Filme responde as questões que impõe. A Natureza vence o homem, mas este vencer é na verdade o retorno, o ser vivo voltando ao seu habitat, deixando de viver alheio ao que está à sua volta  e passando a  ser parte integrante da Floresta, retribuindo ao solo que o alimentou, liberto enfim. Sendo um filme feito para ser Arte, responde bem os anseios de seu  Diretor, pois alcança perfeitamente seu objetivo.

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