A História que quero contar hoje, faz parte de minhas lembranças.E sei que
me acompanhará pra sempre. É uma história de amor, real, mas que para evitar
expor a vida destas pessoas, usarei nomes fictícíos.
Esta história inicou-se quando eu ainda trabalhava, como voluntária, na Associiação
de Moradores de Guaianases – na gestão da Dona Deja. Conhecemos este homem,
personagem desta história, quando fazíamos triagem pra destribuir alimentos que
adquiríamos nas feiras locais e no Mercado Municpal Leonor de Barros, com os feirantes daqui.
Nesta época a Entidade pleiteava uma vaga junto ao CEAGESP e isto era bastante difícil.
Não sei qual voluntário, ou foi mesmo o coração de Dona Deja, que nos levou até esta
pessoa maravilhosa. Sei apenas que começamos a levar as pequenas cestas de legumes e
frutas para esta família.
Fui uma das últimas a conhece-lo, mas por certo não fiquei menos tocado do
que os outros com a situação que se nos apresentou.
Lorenzo era soro positivo, tinha 3 filhos, não infectados. E quem infectou foi a sua esposa.
Ela antes o deixara com 2 filhos e sumira no mundo.Lorenzo então era saudável e podia
trabalhar, memso sendo difícil cuidar de dois pequenos bebes ainda.
Ano e meio depois de abandonar a família, ela voltou e se disse arrependida. lorenzo
aceitou-a de volta e voltaram a relação anterior. Meses depois, ela adoeceu e foi levada ao
Hospital, onde foi diagnosticada com o vírus HIV, e o médico informou a ambos da gravidez.
Foram tomadas as providencias necessárias para que a gravidez corresse sem risco para
a criança, mas os exames no pai detectaram o vírus.
A criança nasceu.Linda, uma menina. A mulher desapareceu de vez. Ainda distribuindo saúde.
Lorenzo, desde o diagnóstico inicial, passou a sofrer muito com a doença, tinha reação
adversa aos coquetéis e muitas vezes o encontrei muito fraco, mas jamais abandonava
seus queridos filhos.
Na época eu estudava para Conselheira Tutelar, e ele temia que por algum motivo perdesse
suas jóias preciosas. viva a me dizer que elas comiam na hora certa, que estavam limpas e confortável.
E para ser sincera, nunca vi crianças tão bem cuidadas como aquelas.
O mais velho era um menino, de quase 6 anos, já estudava e ficava com medo de
perder o pai. Eu percebia claramente, que apesar de tão novo,ele tinha consciência da morte
e de que ela rondava aquela casa.
Por muitos anos fui até aquela casa. Não conseguia deixar de atender aquela família.
Que apesar da dor, sabia receber a gente com carinho. Sempre que conseguia, Lorenzo nos preparava um café,
que ele já não tomava mais, por causa dos remédios.
Um situação particular, me impediu de continuar atendendo aquela família. Mas
sempre que tinha notícia, era de que ele, memso fraco, estava confiante, cuidando de
seu porta jóia, porque para ele era o que representava sua família.
não conseguia entender porque uma pessoa podia amar tanto alguém e jamais
abrir mão destas pessoas, mesmo que a dor os impedisse. Nunca vi um momento de
descuido, nada, aquele pai estava sempre a sorrir, mesmo quando a dor atravessava seu semblante,
ele não permitia que seus filhos visse mais.
Existia uma pergunat no ar, mas que não teríamos nunca coragem de faze-la:
aquela última criança era de fato filha dele? Afinal, pelo tempo que aquela mulher passou
com ele, isto seria quase impossível. Mas se ele sabia, ou desconfiava, uma coisa era
certa, ele amava seus três filhos com imensidão.
Lorenzo, não media esforço para atende-los. Vivia por eles.
Era o que eu acho que deveria ser as mães e pais do mundo, um exemplo.
Se todas as pessoas tivessem a experiência que tive em ver este pai,
sei que teríamos um mundo melhor.
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Não sei amigos, o que houve com Lorenzo e sua família, mas para ser sincera, meu
coração macghuca quando me lembro desta história. Até porque sei que a maioria
dos Conselheiros Tutelares e Assitentes Sociais que conheço, não pensariam
duas vezes antes de retirar aquelas do núcleo familiar que se apresentava ali.
São técnicos demais para entender o amor. Isto porque em sua maioria o tiveram,
não sabem o que é precisar de um abraço e não encontrar quem o dê.
(Aqui entre nós, espero poder um dia ir atrás deta história e descobri que ela
não terminou)
Quem sabe em julho…
Elisabeth Lorena Alves
Emocionante história! É de fato, do amor que precisamos para encontrar nosso rumo e não titubear no caminho... A mim faltou a figura paterna mas fui muito bem nutrida pela materna. Neste caso, o contrário! Mas os caros colegas "técnicos" hão de reconhecer no brilho do olhar dos meninos com quem eles devem viver!
ResponderExcluirOro a Deus e espero que o amor vença!
ExcluirObrigada pela visita e comentário querida Iraci.