segunda-feira, março 30, 2020

Porquinho da Índia e Quarentena

E hoje vamos de novo com Poesia?
Que tal uma infanto-juvenil de nosso Manuel Bandeira?
Gosto desta poética mais dócil, com olhar mnemônica, voltado para nossas memórias mistas que o eu-lírico  reescreve um fato com outros olhos.
O porquinho da Índia da infância,  independente e voluntarioso dos brinquedos infantis é res significado com uma imagem da mulher adulta e chega até o leitor com esse misto de ternura e rebeldia tão característico de um grande poeta.
Curte aí  que eu curto daqui e seguimos juntos,  porém distantes, nossa Quarentena.


           Porquinho da Índia

Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...

— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.

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