E a última optativa foi: Introdução ao Estudo das Línguas Indígenas
Hoje quero falar sobre minha última experiência com Disciplina Optativa na Universidade...
Não era minha optativa real. Meu desejo era fazer Literatura Japonesa com a professora Cristina, uma romena brasileira fluente em japonês, que é a responsável pelo curso de meus sonhos. Uma tarde com ela e qualquer apaixonado por Literatura acaba querendo fazer aula com sua turma. É comigo não foi diferente, principalmente porque um dos temas que abordou em nossa conversa, em seu departamento, foi sobre como os japoneses retratam a morte nas suas atividades literárias. Mas havia um problema. A Disciplina tem menos crédito que os 4 que eu precisava de assim parti para outra. É essa outra já começava me sendo desfavorável. Era da área de Linguística e salvo uma experiência razoável, não tive boas lembranças na área - além de Saussure, o cachorro preto que vivia tentando assistir aula conosco nos primeiros períodos…
Comecei frequentar as aulas. Introdução aos Estudos das Línguas Indígenas. É sim, tinha todo o traçado esquemático comum de uma disciplina linguística. Só que era muito mais que isso. O professor Frantomé, titular da disciplina, consegue desenvolver uma didática produtiva e casa de forma perfeita história e Língua de modo que a aula com ele em nada lembra um apanhado de esquemas linguísticos. Sim, trabalhamos a Linguagem, os Troncos e todas as famílias indígenas do Amazonas, viajamos pela construção da Língua Geral Brasileira e seu uso como manipulação e generalização de um povo; abordamos juntos todo o prédio aculturação, desconstrução de humanidade e demonização da cultura indígena. É sim, eu tive prazer em estudar algo tão diferente da área de Literatura. E ele foi o primeiro professor da área de Linguística a não perguntar qual nossa área de interesse na grade de Letras. E talvez não tenha feito pois, pareceu-me, que para ele uma parte não diferencia da outra. Tudo é Linguagem e por ser assim, pode ser uma construção de conhecimento coesa, bem homogênea e sem os percalços comuns ao ensino fragmentado.
A turma era eclética e vinda de diversos cursos, o que para a maioria dos professores, torna a aula em um eterno lembrar de onde vem aluno X ou Y. Com ele isso não acontecia. A aula era sucinta, apesar do tempo, quatro longas horas. No entanto, ele conseguia prender a atenção e o interesse da classe.
É maravilhoso quando encontramos um professor que é apaixonado por sua disciplina. É o professor Frantomé é assim, um profissional que conhece de fato seu material de pesquisa e sabe ensinar e influenciar seus alunos. Aprendi muito com ele e retomei meu interesse pelo estudo dos povos indígenas.
Saio dessa experiência muito melhor preparada e mais madura como professora.
PS. 1. Saussure, o cachorro que citei ainda vive na UFAM, mudou-se para as imediações do novo RU da área de Humanas.
PS. 2. Problemas técnicos quase invalidaram a efetivação dessa Disciplina em meu histórico…
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