segunda-feira, março 13, 2017

A Pata da Gazela - José de Alencar

Olá, boa semana...


Sábado  li A Pata da Gazela, de José de Alencar.
Confesso que extava com saudade de ler algo que não fosse trabalho de Faculdade, leitura crítica (beta reader), material para os alunou ou revisão para algum amigo.
Queria ler algo por prazer, simplesmente isso...
Gostei de experienciar um retorno à uma leitura menos crítica e analítica.
O livro é um primor.

É uma crítica aos costumes da época, construído em cima da Fábula do Leão Apaixonado, que eu não conhecia. O leão do texto apaixona-se por uma donzela caisadoira (kkkk   não sou tão velha assim, mas gosto bem dessa palavra). Bem, o tal Janotinha segue a dama pela cidade, melhor segue seus pés...
O belo do livro é o enfrentamento do antagonista (será?), Leopoldo, que apaixonado pela Gazela, descobre-lhe, de chofre, sua deficiência e passa por um momento de enfrentamento, onde seus sentimentos nobres e sua descoberta degladiam-se, até que o amor e a honra vencem.
Apresentando as "mutilações" dos objetos de querer do Almeida, José de Alencar desenha uma Sociedade apegada à estética - pois é, não é novidade... E o faz, descrevendo de forma magnífica, os sentimentos e apegos das personagens.

A Gazela, Amélia, resolve, à seu modo, ser dona de seu destino e muda os padrões que seriam esperados pela Sociedade. Sociedade que a seduz e que a abisma. Ela é construída de uma forma que não dá para definir, a princípio, um perfil que combine com o desfecho da história. Os relacionamentos que formam a visão da real Gazela, são desenhados de forma sútil: seu apego aos mais simples, seu amor incondicional à amiga Laura, seu apego à figura do pai, seu contato indireto com o sapateiro.
Sempre que leio José de Alencar,  reconheço em  algumas de suas personagens marcas  de dona Bárbara Alencar, revolucionária brasileira. Imagino que sua vitalidade e inteligência permeiam as heroínas de seu neto. Sei que alguns teóricos da Literatura discordam de mim, no entanto, percebo muita força feminina na prosa do autor.
E vejo ainda como se fosse uma transição. A mãe de Amélia chora pelo casamento da filha, que se aproxima, já ela, mesmo se sabendo comprometida, ouve a razão e faz uma escolha mais racionalizada, mesmo temendo ser estigmatizada pela Sociedadeor ficar "noiva" mais uma vez.

Estão postas no texto, questões como casamento por interesse e, isso aparece nas falas do narrador que lembra que ela é uma herdeira, nas preocupações do noivo leonino, na preocupação de  "status" de Leopoldo e em outros momentos do texto. Ainda, interpretação equivocada da mulher.

Obviamente que ao fazer uma leitura como está, deve-se levar em conta a realidade social, ética e moral da época em que o texto foi produzido e muitas das nossas teorias não servem para uma análise expressiva, justamente pela não contextualização. Se trouxermos os acontecimentos que José de Alencar narra para nossos dias, Amélia perde sua força e pode até ser vista como alguém sem atitude. Se um feminista, por exemplo, observar os acontecimentos, nossa personagem passa a ser apenas uma mulher que escolheu entre "dois senhores". Ou seja, todo cuidado é pouco quando estamos lendo um texto e aplicando uma teoria sobre ele...
E como diz a Leidenice, minha amiga ds Faculdade, nós até tentamos ler algo de forma inocente, no entanto, os nossos olhos encontram algo mais profundo aqui e ali...
Beijos e fui...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem vindo sempre aqui.Aproveite que veio e visitou e faça uma blogueira feliz:Comente!


De acordo com a Justiça o autor do blog não está livre de uma eventual responsabilidade civil ou mesmo criminal por causa de comentários deixados por leitores. Portanto faremos o controle dos comentários aqui expostos.

A Constituição Federal garante a livre manifestação do pensamento, mas veda expressamente o anonimato (art.5º, IV), por isso comentários anônimos não serão mais permitidos!
Sem contar que comentários que difamem o autor, o Blog ou o personagem descrito na matéria serão proíbidos!

IP Casa de Oração - Rua Moreira Neto, 283 - Guaianases - São Paulo

Agregadores

Medite!

Gióa Júnior