Há parte no conto que mostra exatamente o reconhecimento desse estado. Tanto o homem quanto o cavalo estão envelhecendo sem grandes complicações físicas, portanto, sem doenças patológicas, não atingiram o estado de senilidade e, ativos que são, talvez não chegarão a esse estado. Entretanto, envelhecer apresenta certas dificuldades e mudanças físicas que são delineadas no texto e, interessantemente, o autor faz uma junção das duas figuras, sem no entanto juntá-las de fato.
Ao observar a pelagem do animal desfiando nosso carroceiro lembra dos tempos heroicos do animal e também dos seus tempos de juventude, nos confins da floresta. Esse instante de focagem sobre si e o cavalo me fez pensar em "O velho e o Espelho", de Mário Quintana, porque lendo, temos a ilusão de que as reflexões que envolve a existência do homem e do cavalo são mais frutos de sua própria vontade do que de sua realidade e, mais não digo porque prefiro que o leia.
O final do conto remete mais uma vez a Mario Quintana e transcrevo, não o conto, porque estou escrevendo aqui para vocês irem lá, ler, mas o poema "Do mal da velhice":
"Chega a velhice um dia...
E a gente ainda pensa Que vive...
E adora ainda mais a vida!
Como o enfermo que em vez de dar combate à doença
Busca torná-la ainda mais comprida
E agora vou.
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Textos de Gustavo Araújo no Entrecontos
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