quarta-feira, setembro 02, 2020

Meus primeiros contatos com o Autismo...

As pessoas geralmente não gostam de mim e eu sinceramente, não me importo com isso. Mas, há crianças que me amam...
E, quando era mais jovem um menino se aproximou de mim e me abraçou.
A família dele me desprezava até a alma, era aquele tipo de gente que acredita em qualquer história ruim sobre uma moça solteira que não quer casar.
Me evitavam. E eu desconhecia a existência do menino. Depois descobri o porquê...
Bem, mas voltemos ao dia que o conheci...
Eu ia andando pela rua e ouvi meu nome e, não era um chamado, era fofoca mesmo. Apertei o passo, entrei por uma rua lateral, para evitar as pessoas que vinham atrás de mim e continuei meu caminho, lendo o livro. De repente alguém me agarrou pelas pernas.
Um susto e um alívio. Era um menino, loirinho, de cabelo escorrido, com um olhar enorme de surpresa e me abaixei.
Como disse, desconhecia a criança. Mas ao olhar, percebi que ele tinha algo diferente. Perguntei seu nome e ele respondeu um amontoado desconexo de balbucios e palavras parecidas de outro idioma.
Disse meu nome e percebi sua inaptidão vocal...
Até aí so tinha conhecido o Nenezão, que no lugar do Autismo recebeu diagnóstico e fama de débil mental. Eu amava o Nenezão e conhecia o padrão vocal dele. O garoto ali era um estranho, mas me olhava como se eu fosse alguém que ele gostasse. 
Comecei conversar com ele para ver se entendia o padrão de comunicação emitido por ele - fala, gestos manuais e faciais, isdo enquanto olhava para os lados para achar um responsável.
Ainda nào conhecia códigos de segurança, mas imaginei que ele viera atrás de mim quando "dobrei" a rua e quando ele aceitou o colo - que foi rápido até. Voltei pelo mesmo caminho. Ele babava um pouco, meu vestido de ir para a igreja ficou inutilizado, mas nem percebi na hora.
Quando fui voltando comecei ouvir um nome. Era o mesmo de meu primo Mecha... Perguntei ao menino se era o nome dele e ele não respondeu. 
Cheguei à rua. E vi algumas pessoas batendo nos portões e vindo da Avenida. Foi o pai que me reconheceu e me viu com a criança.
Correu em minha direção.
O problema é que o menino não foi com ele. E com ninguém!
Ficou agarrado a mim, sem me soltar. Ao ver seu desespero, disse se poderia levá-lo até a casa deles, que era perto, uma subidinha só de onde eu estava. Voltamos, eles sem graça, pedindo desculpas e eu contando a história que começara no caminho, para entretê-lo enquanto não achava ninguém.
Não, eles não passaram a gostar de mim. Não eram desse tipo de pessoa que acredita que se cuida bem dos filhos deles, pode ser perdoado. Mas ganhei um amigo e por 10 anos o revi. Ele parecia adivinhar meus horários, era eu passar e ele estava no portão. Primeiro ele jogava objetos, depois já me chamava com aquela voz gutural.
Cresceu sem estudo, as pessoas o amavam do modo delas, mas tinham receio dd dxpor ele e naquela época o povo também achava que ou era surdo-mudo, ou era débil mental, ou era down e ele não csbia nessas definições populares. Foi por causa do Nenezão e por causa do Emersom que comecei estudar sobre transtornos de aprendizagem. O Nenezão eu ensinei se enturmar, ensinei as crianças colocá-lo nas brincadeiras. Ao Emersom  não consegui ensinar nada porque a família realmente acreditava na inabilidade dele. Mas descobri que ele gostava de bolo e até cheguei, muitas vezes, ir até a casa dele fazer bolo de chocolate, cuca de banana e pudim, que ele pedia. Sim, descobri o padrão de comunicação dele!
Infelizmente, anos depois, ao descobrir algumas fofocas que denegriram minha imagem, o convívio com ele se tornou impossível.
Sempre fico triste quando o imagino parado no portão me esperando...

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